quinta-feira, 27 de março de 2008

Robert Lepage – Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2008


Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que mais questiona o meu espírito tem a forma de uma fábula:

Uma noite, em tempos imemoriais, um grupo de homens tinha-se reunido numa pedreira para se aquecer à volta de uma fogueira a contar histórias. Quando de repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua própria sombra para ilustrar a sua história. Socorrendo-se da luz das chamas, fez aparecer nas paredes da pedreira figuras maiores do que o natural. Os outros, deslumbrados, foram reconhecendo o forte e o fraco, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.

No nosso tempo, a luz dos projectores substitui a luz da fogueira original e a maquinaria de cena as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula recorda-nos que a tecnologia está na verdadeira origem do teatro, que não deve ser considerada como uma ameaça, mas como um elemento congregador.

A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de reinventar-se, utilizando novas ferramentas e novas linguagens. Caso contrario, como poderia o teatro continuar a ser o testemunho dos grandes embates da sua época e promover a compreensão entre os povos, se ele mesmo não desse prova de abertura? Como poderia orgulhar-se de oferecer soluções para os problemas de intolerância, de exclusão e de racismo, se, na sua própria prática, se recusasse à mestiçagem e à integração?

Para representar o mundo com toda a sua complexidade, o artista deve propôr formas e ideias novas e mostrar confiança na inteligência do espectador capaz de reconhecer, ele próprio, a silhueta da humanidade nesse jogo perpétuo de luz e sombra.

É verdade que, por brincar demais com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas pode também ter a possibilidade de deslumbrar e de iluminar.



ROBERT LEPAGE
QUEBEC , 17 de Fevereiro de 2008


quarta-feira, 26 de março de 2008

Say it With Flowers


Say It With Flowers de Gertrude Stein, em estreia nacional, assinala o DIA MUNDIAL DO TEATRO no Teatro das Figuras, em Faro.


Say it With Flowers é uma peça que pretende questionar o lugar da palavra ou do texto dramático no Teatro. A tradução de Luísa Costa Gomes será um elemento fundamental no puzzle que será este espectáculo bilingue que potencia a musicalidade do português e do inglês, e onde se exibirá um crescente interesse pelo significado semântico, material e sensual e não significante das palavras, tratando-as como objectos materiais.

É assumida uma relação lúdica com a linguagem, desconstruindo as convenções literárias e teatrais experimentando a descontinuidade temporal através do conceito do “presente contínuo” e do som poético, mediante a repetição de sons, gestos e situações, independentemente de qualquer anedota narrativa.

Através da proposta de cenografia de João Mendes Ribeiro, que se resume a elementos volantes que permitem a permanente reconstrução do espaço, mas também a infinita multiplicação de imagens, é potenciado a fragmentação espacial.

À imagem do que Stein propõe, daqui resultarão personagens desprovidas de vontade, concebidas como um dado e não como um desenvolvimento, numa acção minimal e circular, num constante retorno ao âmago do ser.


TEXTO: Gertrude Stein

DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO: António Pires

INTERPRETAÇÃO: Francisco Tavares, Graciano Dias, Margarida Vila-Nova, Maya Booth e Miguel Moreira


CO-PRODUÇÃO: Ar de Filmes e TMF

APOIOS: Nike SCTECIDOS Duarte L'óreal

FINANCIAMENTO: DGArtes Ministério da Cultura

De 27 de Março de 2008 às 21:30 a 28 de Março de 2008 às 21:30


terça-feira, 25 de março de 2008

Um Festival Pina Bausch


Passada uma década sobre as residências artísticas de Pina Bausch na capital portuguesa (Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura e Expo 98), eis uma nova iniciativa para celebrar a artista: 2008 - Um Festival Pina Bausch. De 2 a 9 de Maio de 2008, em Lisboa.

Durante uma semana, Pina Bausch e a companhia do Tanztheater Wuppertal ocupam, quase em simultâneo, o Teatro São Luiz e o Centro Cultural de Belém. Serão apresentadas grandes obras da coreógrafa que revolucionou o mundo da dança, casos de "Café Müller" - com a própria Pina Bausch -, "Nefés" ou "Masurca Fogo", a obra sobre Lisboa que resultou da sua residência artística durante a Expo98.

A ideia de um festival Pina Bausch em Lisboa, em 2008, no Teatro São Luiz e no Centro Cultural de Belém, parte do exclusivo interesse das direcções artísticas destas duas instituições. Com efeito, 1994 e 1998 são duas datas relevantes para que se possa agora compreender a razão desta nova iniciativa, 2008 – Um Festival Pina Bausch:1994 – Lisboa, Capital Europeia da Cultura: Jorge Salavisa, como programador da dança, traz a Lisboa as grandes obras de Pina Bausch, entre elas A Sagração da Primavera, Café Müller, Kontakthof, Viktor e 1980.
1998 – EXPO 98, Festival dos 100 Dias: António Mega Ferreira convida Pina Bausch para uma residência artística que culmina com a criação de uma peça de sua autoria sobre Lisboa, Masurca Fogo.

Este será um festival diferente. Durante uma semana, Pina Bausch e a sua companhia vão estar presentes quase em simultâneo nos dois teatros e em contacto muito directo com o público. Vamos ter os famosos bailarinos da companhia a falar sobre as suas participações nas obras e filmes de Pina Bausch e a contar histórias inéditas sobre o processo criativo, vamos poder partilhar com Peter Pabst os 28 anos de criação de cenários para as peças de Pina Bausch, vamos poder ver documentários e projecções e ouvir personalidades, cujos percursos pessoais e profissionais se tenham, de alguma forma, cruzado com Pina Bausch. Vamos ainda ter exposições de fotografia.”


PROGRAMA

Centro Cultural de Belém

Nefés
Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 2 e 3 de Maio às 21h30

Masurca Fogo Uma peça de Pina Bausch - Tanztheater Wuppertal
Dias 7, 8 e 9 de Maio às 21h00

Teatro Municipal São Luiz

Café Müller Uma peça de Pina Bausch - Companhia Tanztheater Wuppertal
Dias 4 e 5 de Maio às 21h00
Dias 8 e 9 de Maio às 18h00
Sala Principal

O Lamento da Imperatriz Um filme de Pina Bausch, comentado por José Sasportes
Dia 4 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Lissabon - Wuppertal - Lisboa Um filme de Fernando Lopes, comentado por Fernando Lopes, Maria João Seixas e António Mega Ferreira
Dia 6 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

A Sagração da Primavera Um filme de Pina Bausch, comentado por Olga Roriz e Rui Horta
Dia 7 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Conversa com Dominique Mercy, Nazareth Panadero e Luísa Taveira
Dia 5 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Peter Pabst - 28 Anos de Cenários para Pina
Dia 8 de Maio às 22h00
Jardim de Inverno

Pina Bausch e Pedro Almodóvar (a confirmar)
Dia 9 de Maio às 24h00
Sala Principal

segunda-feira, 24 de março de 2008

Ana Luena encena Nenhures, de Daniel Jonas


O Teatro Bruto convidou Daniel Jonas a informar as inquietações artísticas que atravessam o trabalho da companhia. Encenado por Ana Luena, Nenhures reelabora o tema do amante abandonado e da viagem solitária que este empreende por um mundo exterior, equívoca projecção do seu mundo psíquico.


Pouco conformável a textos dramáticos preexistentes, e aprofundando um trabalho que tem passado sobretudo por autores de língua portuguesa (destaque para as recentes colaborações com o angolano Ondjaki), o Teatro Bruto convidou Daniel Jonas (n. 1973) – poeta e autor de uma surpreendente tradução do Paraíso Perdido de Milton – a informar as inquietações artísticas que atravessam o trabalho da companhia. Cultor de um imaginário luxuriante, Daniel Jonas estreia-se na escrita dramática tecendo uma desregrada comédia de enganos, autêntica máquina de emaranhar paisagens ou caixa de ressonância de múltiplas inspirações. Encenado por Ana Luena, Nenhures explora a deriva de Tristão, o amante destroçado que empreende uma viagem de Inverno por um mundo exterior que não é senão a equívoca projecção do seu mundo psíquico. Mas essa pátria simultaneamente melancólica e demencial chamada Nenhures é também o espaço de uma euforia psicodramática, em que as personagens se desdobram em alter-egos vários, e o tempo de uma excêntrica reflexão sobre a acção teatral.


Cenografia, figurinos e encenação
Ana Luena

Música (interpretada ao vivo)
Rui Lima
Sérgio Martins

Desenho de luz
Nuno Meira

Interpretação
Luciano Amarelo
Mário Santos
Pedro Mendonça
Sandra Salomé


TEATRO CARLOS ALBERTO - 27 Março a 6 Abril

domingo, 23 de março de 2008

Teatro Completo de Sarah Kane




Teatro Completo” de Sarah Kane, que se encontrava esgotado, foi reeditado pela Campo das Letras. É a terceira edição da obra da autora inglesa, numa tradução de Pedro Marques.




"Tudo o que Sarah Kane fazia tinha autoridade. Se pensava que o confronto talvez não pudesse ocorrer no nosso teatro – porque está a perder a sua função de compreensão e os seus meios – não podia correr o risco de esperar. Em vez disso, representou-o noutro lugar."

Edward Bond


"Há dois géneros de autores dramáticos. Os primeiros fazem jogos teatrais com a realidade. Alguns fazem-no mal, outros fazem-no bem, e neste caso as suas peças podem mesmo continuar a ser interessantes. Os autores do segundo género mudam a realidade. É o que fizeram os Gregos e Shakespeare. (...)Sarah Kane era uma autora dramática do segundo género. O confronto com o implacável criava as suas peças. Terá ela sabido – terá o autor dentro dela sabido – que poderia deixar de ser capaz de o enfrentar nas suas peças? A nossa sociedade e o nosso teatro opõem-se. Devemos consumir para manter a economia, para manter a único via que nos damos ao trabalho de imaginar. Mas a necessidade de consumir não é o desejo de ser humano. Este desejo é a necessidade de enfrentar o implacável. É esta a lógica da nossa situação. Se não o enfrentarmos para encontrar a nossa humanidade, é ele que nos enfrentará e destruirá. É esta a lógica do século XXI. (...)Sarah Kane tinha de enfrentar o implacável. Só podemos retardar o confronto se estivermos certos de que ele ocorrerá num dado momento. Senão ele esquivar-se-á. Tudo o que Sarah Kane fazia tinha autoridade. Se pensava que o confronto talvez não pudesse ocorrer no nosso teatro – porque está a perder a sua função de compreensão e os seus meios – não podia correr o risco de esperar. Em vez disso, representou-o noutro lugar. Os meios de enfrentar o implacável são a morte, a casa de banho e os atacadores de sapatos. São eles o comentário que ela tinha a fazer sobre a perda de sentido do nosso teatro, das nossas vidas e dos nossos falsos deuses. A sua morte é a primeira morte do séc. XXI."

Edward Bond

quinta-feira, 20 de março de 2008

A Metamorfose pela Inestética




Inestética apresenta A METAMORFOSE, a partir de Franz Kafka, até 30 de Março, no Palácio do Sobralinho, em Vila Franca de Xira.


Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco insecto.

A Metamorfose narra a história fantástica de Gregor Samsa, um caixeiro-viajante que se vê obrigado a suportar todas as despesas da família, e que certa manhã, ao acordar cedo para o trabalho, constata que se transformou num escaravelho. De início, as suas preocupações centram-se na estranha metamorfose e na impossibilidade de cumprir as obrigações profissionais, mas perante a repulsa dos pais, Gregor inicia um complexo processo interior de mutação, que o conduz a uma análise obsessiva do seu contexto familiar e social. À excepção da irmã, que numa primeira fase decide alimentá-lo, todos recusam ajudar Gregor, remetendo-o à sua solitária agonia. Perante este cenário uma nova metamorfose ocorre no seio familiar: o pai, a mãe e a irmã voltam a trabalhar e a família decide perspectivar um futuro onde não existe lugar para Gregor...Uma irónica metáfora sobre o absurdo da condição humana, num espectáculo que explora a plasticidade narrativa de uma das obras mais marcantes de Franz Kafka e da literatura do século XX.


Encenação Alexandre Lyra Leite

Dramaturgia Rita Leite e Alexandre Lyra Leite
Interpretação Afonso de Melo, Alfredo Nunes, Isabel Gaivão, Joana Barros, João Luz, Luís Santiago, Margarida Cardeal

Conncepção visual Rita Leite e Alexandre Lyra Leite

Sonoplastia André Gonçalves

Movimento Catarina Trota

Consultor Helder Soares

Produção executiva Ana Rita Osório

Ass. produção Diogo Coelho

Direcção técnica Fernando Oliveira

Design gráfico Rita Leite

Produção Inestética 2008


quarta-feira, 19 de março de 2008

Arquitecturas em Palco



A exposição que representou Portugal na Quadrienal de Praga 2007, onde conquistou a medalha de ouro na categoria "Best Stage Design", segue agora para o Porto. A inauguração de "Arquitecturas em Palco", de João Mendes Ribeiro é no dia 25 de Março, às 21h00, no Teatro Nacional São João, no Porto.


Após as apresentações na Quadrienal de Praga, como representação oficial portuguesa, no Fomento de Artes & Desenho (FAD) em Barcelona e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, no ano de 2007, "Arquitecturas em Palco" segue para o Porto, onde será apresentada no Teatro Nacional São Joã o, de 26 de Março a 11 de Maio de 2008.

Com "Arquitecturas em Palco", João Mendes Ribeiro pretende evidenciar diferentes intervenções cenográficas da sua autoria, com reflexo no espírito contemporâneo de hibridação, experimentalismo e contaminação entre várias disciplinas artísticas. A cenografia é pois abordada enquanto experimentação de processos e linguagens comuns à arquitectura. Constituída por duas partes, esta exposição está organizada tendo em conta uma série de questões com origem em duas grandes concepções teóricas: a cenografia como representação arquitectónica e o espaço e objectos como extensão do corpo humano.


Em "Arquitecturas em Palco" é igualmente apresentado um dispositivo, também ele modular e transformável, concebido para a exposição Paisagens Invertidas da Ordem dos Arquitectos no XXI Congresso Mundial de Arquitectura (Berlim, 2002). Este dispositivo consiste numa estrutura modular em madeira, desmontável, e configura um pequeno auditório, em anfiteatro, dotado de um ecrã para projecções vídeo. Este projecto engloba também a apresentação de um filme composto por dois momentos: um primeiro com 15 minutos em que se apresenta uma selecção de cenografias realizadas por João Mendes Ribeiro entre 1996 e 2007; e um segundo, em que se apresenta o filme "A Sesta", projecto encomendado pelo Instituto das Artes e criado para este efeito pela coreógrafa e bailarina Olga Roriz.




segunda-feira, 17 de março de 2008

Companhia Teatro Autonomo do Rio de Janeiro


Formada em 1989, a partir da criação do espectáculo Sísifo, a CIA TEATRO AUTÔNOMO vem propondo a realização de um teatro de fronteira, ou seja, a exploração contínua de possibilidades originais para a cena. Tal proposta se baliza pela construção de uma linguagem teatral autónoma, capaz de fazer do teatro um acontecimento específico, em que narrativa e cena sejam indissociáveis.

Uma das particularidades da CIA TEATRO AUTÔNOMO diz respeito ao o modo de criação de seus trabalhos: é a partir de improvisações – processo de ensaio-erro, onde não falta lugar para o acaso – que o espectáculo em sua totalidade se vai construindo.

Assim aconteceu em Mann na Praia, baseado nos temas centrais da obra de Thomas Mann; Minh´alma é Imortal, sobre as frustradas esperanças humanas; 7x²=y uma parábola que passa pela origem, que abordava a responsabilidade do homem pelo mundo de signos e significações que o rodeia; em A Noite de Todas as Ceias, que trouxe para a cena o teatro do Eu x Outro, vencedor do Prémio Rio-Teatro/1996.Em 2002, a companhia realizou o estudo cénico uma coisa que não tem nome (e que se perdeu), e o espectáculo Um Bando Chamado Desejo.

Em 2004, em comemoração dos quinze anos, a Cia Teatro Autônomo criou o espectáculo deve haver algum sentido em mim que basta – Prémio da APCA de Melhor Espectáculo em 2005 e Prémios Shell/2004 para Cenografia e Actriz - e lançou o livro Cia Teatro Autônomo sobre o percurso do trabalho neste tempo.

Ainda em 2004, participou do projecto Palco Giratório, do SESC, apresentando o espectáculo-estudo uma coisa que não tem nome (e que se perdeu) em cidades do Paraná, Ceará e Pernambuco.

Em 2005, a Cia Teatro Autônomo criou e realizou o espetáculo e agora nada é mais uma coisa só.


e agora nada é mais uma coisa só, deve haver algum sentido em mim que basta, Um Bando Chamado Desejo e uma coisa que não tem nome (e que se perdeu) são os espectáculos que a companhia mantém em reportório.


sexta-feira, 14 de março de 2008

A Boba, de Maria Estela Guedes



O Teatro Experimental de Cascais tem em cena até 13 de Abril, no Teatro Mirita Casimiro, em Cascais, A BOBA, de Maria Estela Guedes, dramaturgia de MARIA JOÃO DA ROCHA AFONSO, encenação de CARLOS AVILEZ e interpretação de MARIA VIEIRA .

A BOBA, que estreou em 12 de Março, é a nova produção do Teatro Experimental de Cascais, companhia que iniciou a sua actividade em 1965, tendo desnvolvido, ao longo destes quarenta e três, uma actividade múltipla e variada.


ERRO E VERDADE N’ A BOBA
A Boba tem de momento três edições, todas diferentes, se bem que as variações sejam mínimas: a electrónica, no TriploV (www.triplov.org); a da Apenas Livros Editora (A Boba, Lisboa, 2006) e da Escrituras Editora (Tríptico a Solo, São Paulo, 2007). E existe ainda o guião da peça que está a ser montada pelo Teatro Experimental de Cascais.

Qual a verdadeira Boba? – seria caso de perguntar. Algumas variantes podem implicar erros ou gralhas involuntários. O erro não deve ser interpelado quanto à sua verdade, pois não existe nele intenção de deturpar factos. Por exemplo, na edição da Escrituras escapou um erro: por duas vezes se diz qual dos conselheiros de Afonso IV avisou D. Pedro de que havia deliberação de matar D. Inês. De uma das vezes saiu o nome de outro dos nobres que mais tarde D. Pedro mandou executar. Ora nem eu nem a Boba sabemos se é verdade que alguém avisou repetidamente que D. Inês ia ser assassinada. O que sabemos é que a História declara que foi Diogo Lopes Pacheco quem o fez. Uma coisa é o que está escrito e outra o que aconteceu. Sem desprimor para Fernão Lopes, nada garante que tenham de facto acontecido os factos que ele regista na Crónica de D. Pedro I, minha principal fonte historiográfi ca. Ele nem sequer é contemporâneo do que narra. Eu acredito na probidade do velho cronista, porém quem garante que sejam fi dedignas as suas fontes?

Nesta questão da verdade, só posso garantir que A Boba é uma fi cção construída a partir de informações da História e da Literatura no seu lado inesiano. No lado “A Bela e o Monstro”, conta a informação oriunda sobretudo dos teratologistas da primeira metade do século XX, como Pires de Lima, Themido, Lombroso e Barbosa Sueiro. Os anões como Maria Miguéis, a Boba, eram casos habitualmente estudados por estes cientistas.

Maria Miguéis relata e comenta episódios da vida e morte de D. Pedro I e de D. Inês de Castro.

Existe, naturalmente, um fundo de vivido na peça, que eu diria ser o meu: a minha experiência de vida e a minha experiência de leitura. Quanto à informação, a percentagem de obras historiográficas consultadas sobre o assunto foi ínfi ma, em comparação com as literárias. Só uma obra de História me acode à lembrança, a Crónica de D. Pedro I. Obras literárias que se inspiraram no tema são às centenas, em Portugal e no estrangeiro, em todas as épocas, disso sendo espelho a minha peça.

Vem este assunto a propósito dos ensaios, pois acontece às vezes fazerem-me perguntas às quais dou resposta fora do enquadramento dramático, e só mais tarde reparo nisso.

- Então a cena do bispo do Porto está no Fernão Lopes?! Se está, é porque é verdade...

- Ah, sim, é verdade! - assevero.

Não, querida Maria Vieira, nenhuma de nós deve fazer confusões, é perigoso sacralizarmos a palavra, só por estar impressa. Agustina Bessa-Luís, que leu tudo ou quase sobre Pedro e Inês, declara que “A História é uma fi cção controlada”. Salvo as invenções da nossa imaginação criadora, que, no caso, a bem dizer se limitam à construção de uma personagem e seu discurso, todas as informações prestadas na peça têm origem na palavra impressa. Mas eu, pessoalmente, nem estabeleço grandes distinções de valor entre a informação histórica e a romanesca. Tanto vale Fernão Lopes como Agustina, António Cândido Franco, Herberto Helder ou Bocage. Aliás, predomina até na comédia uma visão agustiniana da tragédia. A Boba mostra que a história de Pedro e Inês não foi construída pelos historiadores, sim pelos escritores. A sua verdade é poética, e por isso sobrevive.
Maria Estela Guedes - Fevereiro de 2008



MAS… NÃO A TINHAM ASSASSINADO?
Afirmam que sim. Mas a verdade é que, 653 anos após a, sabemo-lo hoje, fictícia data da morte da dama galega, a morta mais viva da cultura portuguesa regressa ao nosso convívio em mais uma renovada perspectiva.

A história de Inês já foi contada e recontada de muitas e variadas formas: do ponto de vista de D. Pedro, de D. Constança, de Afonso IV, de servos e criados, de Afonso Madeira, de Pêro Coelho...

Inês vive ainda na poesia, na ópera, no cinema, na prosa, na escultura, na pintura, no teatro, mais viva que morta, actuante e de ímpar importância na lusa forma de amar.

“A História é uma fi cção controlada”. Será? Ou será que a lenda tomou há muito o lugar da História na forma como nos faz chegar os ‘factos’ que envolveram a Colo de Garça?

Diz-nos a História, pela pena do Conde de Sabugosa em História Genealógica, que D. Beatriz mandou “a Maria Miguéis anã, trezentas livras” em testamento. E é essa boba, essa fi gura menor em vários sentidos que Estela Guedes escolhe alcandorar à posição de, mais do que protagonista, motor de uma história que todos afirmamos conhecer. Conhecemos?

A fi gura desprezada e socialmente insignifi cante “também tem direito à História”, proclama a certo momento. À que viveu, à que afi rma ter decidido. Foi ela, a pessoa usada por todos qual objecto de uma domesticidade quotidiana, que se deixa em testamento aos fi lhos, quem puxou, afi rma, os cordéis de um assassinato que marcaria até hoje a face da cultura portuguesa.

Percorrendo tempos e vozes, atravessando perspectivas várias, a Miguéis – pois assim se chama - apresenta-se perante os nossos olhos para repor a inesperada verdade de um feito que todos pretendemos conhecer tão bem.

Dominando um espaço que a outros pertence, a um tempo visível aos nossos olhos e invisível aos dos seus contemporâneos, a margem de manobra e capacidade de manipulação de que afi rma gozar revelam-se muito para além do que estaríamos à espera. Minúscula num mundo gigantesco, vivendo perto dos grandes com a função de os entreter e a quem é permitida uma liberdade de expressão imperdoável noutros casos, é a um tempo espelho e agente de acções cuja responsabilidade a outros pertence. Sem nunca fazer concessões, goza do privilégio – que o estatuto de louca/boba tristemente concede – de lhe ser permitido colocar a verdade à frente dos olhos de (quase) todos, mantendo-se apartada dela: “Não sou igual a vós, não reproduzo os vossos valores.

”O ser repelente e usado é também senhora de emoções que revela: crítica em extremo perante o poder, revela uma afeição sincera pelas suas três senhoras – Beatriz, Inês e Teresa Lourenço – que a tomaram por companheira. É com lucidez que olha para os bastidores do poder, uma vez que lhes conhece as fraquezas e os podres. Com a mesma lucidez analisa-se e expõe-se aos nossos olhos no que tem de mais ridículo. Inveja e ciúme das três mulheres junto de quem viveu? De Inês provavelmente, sim. Mas não é com amargura que Miguéis fala dela: é com carinho, com pena, com uma atitude calorosa que encontra na recordação dos dias felizes da Atouguia a expressão mais clara.

Pessoa levada ao limite da sua resistência pelo pouco caso que dela fazem, Miguéis vem reivindicar o seu lugar na História. O lugar que lhe pertence, afi rma. E reduzir à sua insignifi cância de joguetes da Fortuna os grandes que, a seu tempo, julgaram dominar o mundo: “Dou-vos gozo com o punhal da língua…”Fiquemos então com a Miguéis que, vinda do caixote da reciclagem, se senta, senhora e dona, no ponto de controlo de toda a situação, antes de voltar ao nada de que veio.
Maria João da Rocha Afonso - Fevereiro de 2008


A Boba
dramaturgia MARIA JOÃO DA ROCHA AFONSO
encenação CARLOS AVILEZ
cenários e figurinos FERNANDO ALVAREZ
coreografia NATACHA TCHITCHEROVA
apoio vocal LUCÍLIA SÃO LOURENÇO

quarta-feira, 12 de março de 2008

Homenagem a José Saramago


Uma Homenagem a José Saramago está a decorrer no Teatro Nacional D. Maria II, entre 7 e 16 de Março, numa organização conjunta do Teatro Nacional, Fundação José Saramago e Companhia de Teatro de Almada.

A homenagem abriu com a exposição “José Saramago em Almada”, no Salão Nobre do Teatro D. Maria II. No dia 15, também no Salão Nobre daquele teatro, Joaquim Benite (da Companhia de Teatro de Almada), Carlos Reis, Miguel Real, Filomena Oliveira, João Brites (do Teatro O Bando) e Carlos Fragateiro (do Teatro Nacional D. Maria II) estarão presentes na mesa redonda “O Teatro em José Saramago”, onde será projectado um excerto do documentário “Se podes olhar vê, se podes ver repara” de Rui Simões (making off do estágio de preparação de “Ensaio sobre a Cegueira”, O Bando).

No último dia da homenagem, dia 16, no mesmo espaço, o realizador Rui Simões apresenta o seu documentário “Ensaio sobre o Teatro”.

Nesse mesmo dia termina a apresentação na Sala Garrett de “Que Farei com Este Livro?”, encenação de Joaquim Benite, numa co-produção TNDM II, Companhia de Teatro de Almada, ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve e TEATRO DAS FIGURAS.

Em "Que farei com este livro?", José Saramago retoma a história cultural de Portugal para retratar, com base em fontes historiográficas, o que acontecia na época conhecida como Classicismo. Com uma fina ironia, o Nobel português critica aqui o comportamento da Corte e da Igreja em relação à publicação de "Os Lusíadas", de Luís de Camões.

Que farei com este livro?” é a segunda peça para teatro de José Saramago que transforma o poeta Luís de Camões em personagem que retorna das Índias, no período entre 1570 e 1572, e tenta negociar a publicação de “Os Lusíadas”. Estreada em 1980, na época um grande êxito junto do público, a crítica tem considerado esta obra uma homenagem a Camões, na medida em que nela se dramatiza toda a problemática ligada à publicação da maior obra épica em língua portuguesa: o desinteresse do rei e da corte, a difícil situação económica do poeta e da sua mãe, a relação de Camões com o impressor, a Inquisição.

A interpretação de “Que farei com este livro?” é de ALBERTO QUARESMA, CARLOS SANTOS, CELESTINO SILVA, JOSÉ MARTINS, LUÍS VICENTE, MARIA FRADE, MARIA JOSÉ PASCHOAL, PAULO MATOS, TERESA GAFEIRA, BRUNO MARTINS, CATARINA ASCENSÃO, LUÍS RAMOS, MIGUEL MARTINS, NUNO GÓIS e PEDRO WALTER.

Até 28 de Junho continua em cena “Memorial do Convento” na Capela do Campo Santo, no Palácio Nacional de Mafra, produção TNDM II em colaboração com o PALÁCIO NACIONAL DE MAFRA .


Ansiando por um filho que tarda, o rei D. João V é avisado por frei António de S. José: "Mande V. Majestade fazer um convento de franciscanos em Mafra e Deus vos dará descendência". O desejo real desencadeará uma epopeia de homens, um esforço hercúleo de milhares de trabalhadores arregimentados em todo o país, de arquitectos, engenheiros e materiais vindos do estrangeiro e pagos a peso de ouro do Brasil, esgotando-o.


Unidos por um amor natural, Blimunda e Baltasar reúnem-se a Bartolomeu de Gusmão e ao seu sonho de voar. A passarola, máquina voadora, misto de barco e de pássaro, nasce do saber científico de Bartolomeu, da força de trabalho de Baltasar e dos poderes de Blimunda, recolhendo as vontades humanas (as "nuvens fechadas"), que alimentarão a máquina e a farão voar. Sobre as obras do Convento de Mafra terá passado o Espírito Santo, dizem os padres e acredita o povo. Voar, nesse tempo, não sendo obra de Deus, só poderia sê-lo do demónio, e assim se anuncia o fim trágico das três personagens maravilhosas.


Adaptação dramatúrgica de FILOMENA OLIVEIRA e MIGUEL REAL, com encenação de FILOMENA OLIVEIRA e interpretação de CLÁUDIA FARIA, PAULO CAMPOS DOS REIS, FLÁVIO TOMÉ, JOSÉ HENRIQUE NETO e FILIPE ARAÚJO.

terça-feira, 11 de março de 2008

O Senhor Juarroz volta à Vilarinha



Até 15 de Março, de 5ª a sábado, O Senhor Juarroz está de regresso ao palco do Teatro da Vilarinha. O espectáculo, criado por João Luiz, parte do texto de Gonçalo M. Tavares e inclui poemas de Roberto Juarroz.


O Senhor Juarroz acha que o mundo podia ser melhor se a realidade não fosse como é. Ele é uma “personagem” que, com receio de enfrentar os outros, inventa um mundo exterior diferente da realidade e feito à sua medida, talvez como cada um de nós. Tudo o que vem de fora, da rua, é hostil e representa uma ameaça ao seu mundo interior, sobretudo quando essa realidade invasora não o deixa estar só com os seus pensamentos. Ou melhor: com os seus botões. Serão os botões do Senhor Juarroz a chave de um mundo mágico, onde tudo é real e irreal ao mesmo tempo?


É assim o Senhor Juarroz criado por Gonçalo M. Tavares no livro com o mesmo título (que integra o conjunto a que o autor chama O Bairro) e que nos leva para o outro lado das mais variadas situações do quotidiano, fazendo-nos ver de outro modo o que existe, ou ver o que ainda não sabíamos que existia. Pontos de vista que o espectáculo reforça com curtos poemas de Roberto Juarroz.

O Senhor Juarroz, encenado por João Luiz, tem cenografia de João Calvário, figurinos de Susanne Rösler, música de Pedro Junqueira Maia, desenho de luz de Rui Damas e interpretação de Patrícia Queirós e de Rui Spranger.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Oficina com Carla Cruz


O Núcleo de Experimentação Coreográfica organiza, entre 15 e 16 de Março 2008, uma OFICINA com CARLA CRUZ.

"PEQUENOS GESTOS NA CIDADE" funcionará entre as 10h – 13h e 14h30 – 17h30 nas instalações do NEC, R. Miguel Bombarda, 124 r/c Sala A – Porto e tem como público-alvo performers, artistas plásticos e público geral.


Acordar a cidade! Escasseando eventos espontâneos e não comerciais realizados no espaço público, percebendo que este se transforma a um ritmo acelerado em espaço privatizado sujeito a regras e regulamentos em vez de ser um lugar para a troca e diálogo entre pessoas, é necessário provocar e envolver todos a reivindicarem um maior e melhor uso do espaço público-- para que mais de que um lugar de passagem, este seja um lugar de vivência. Acordar para a cidade! Assim o faremos a partir de pequenos gestos.


A oficina terá uma componente de análise crítica de documentos escritos e expressões artísticas, e uma componente prática de acção performativa /e, ou/ plástica executada no espaço público.

Carla Cruz, 1977, Vila Real, formada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Nesse momento interessada nas questões de género na sociedade e na arte e numa forma de fazer arte mais inclusiva, procurando a participação do seu publico pela manipulação. Entre 2001 e 2003 frequentou e concluiu o Mestrado em Belas Artes pelo Piet Zwart Institute, Willem de Kooning Academy, Roterdão - Holanda /em colaboração com a/ Plymouth University - Reino Unido. Sendo estes anos os de viragem para projectos interactivos, em que cria eventos, situações ou plataformas em que o publico é convidado a tomar parte activa.

Tendo desde cedo colaborado e fundado diversos colectivos, entre eles: Caldeira 213, ZOiNA (Colectivo feminista de intervenção artística), Ateliers-Mentol, Identidades, Clanitica, GARBA (jovens artistas em residência, Itália), Room (Artists run Space, Roterdão); trabalha também em parceria com outros artistas: Isabel Carvalho, Pedro Nora, Catarina Carneiro de Sousa, Ângelo Ferreira de Sousa, Suzanne van Rossenberg, Nina Hoechlt, Jocelyn Cottencin, Karin de Jong, Sabine Funk, Francesco Ventrella, Cláudia Van Dick, Tina Sejberg, Mónica Faria. De momento organiza o projecto expositivo e blog All My Independent Women, dinamiza o Blog Porto Público, pertence a um Affinity group do Forum Feminista Europeu, coordena projectos para o Grupo de intercâmbio Artístico entre Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal – Identidades, organiza o espaço expositivo da Gesto Cooperativa Cultural no Porto e é docente da Escola Superior de Educação de Viseu.

domingo, 9 de março de 2008

Visitants no Mundial de Atletismo em Pista Coberta

© Susana Neves

VISITANTS, companhia de teatro que participou no FITEI 2006 com VIAJEROS foi convidada para dirigir e produzir as cerimónias de inauguração e encerramento do “12º Campeonato Mundial de Atletismo em Pista Coberta” que termina hoje no Palau Velódromo Lluís Puig de Valência. O grupo apresenta “Locos por Valencia”, adaptação especial para este evento de “Marathon”, espectáculo dos Visitants actualmente em digressão. Para este evento contaram com a participação das compahias Teatre de l’Ull e Scura Splats.

sábado, 8 de março de 2008

A Noite Árabe na Politécnica


A Noite Árabe do jóvem dramaturgo alemão ROLAND SCHIMMELPFENNIG, reúne no Teatro da Politécnica, em Lisboa, DINARTE BRANCO,JOÃO GROSSO,SARA CARINHAS,TERESA SOBRAL e VICTOR GONÇALVES.

Subúrbios de uma grande cidade portuguesa, bairro com muitos imigrantes. Verão: o sistema de água de um conjunto de prédios está avariado. A água chega até ao sétimo andar e depois desaparece. No sétimo vive Francisca, uma jovem mulher que não se lembra de nada. Não se lembra de como era a sua vida antes de ter co-alugado este apartamento com a sua amiga Fátima. Não se lembra de alguma vez ter sido raptada em Istambul ou de ter sido uma princesa árabe. Como todos os serões, volta do trabalho, vai-se esquecendo do que fez no laboratório onde é empregada, toma um banho e adormece no sofá. O vizinho do prédio em frente vê-a no duche e não resiste a procurá-la. Fátima, por seu lado, espera sempre que ela adormeça para chamar o seu amante Kalil. Também o Sr. Joaquim, o porteiro, que desde o início está a procurar a fuga de água, vai ter com Francisca...

Texto ROLAND SCHIMMELPFENNIG

Encenação e tradução PAULO FILIPE

Cenografia e figurinos VERA CASTRO

Banda sonora NUNO REBELO

Desenho de luz JOSÉ CARLOS NASCIMENTO

Movimento AMÉLIA BENTES

Elenco DINARTE BRANCO, JOÃO GROSSO, SARA CARINHAS, TERESA SOBRAL e VICTOR GONÇALVES

Co-produção TNDM II /PAULO FILIPE

12 de Mar a 27 de Abr 2008 /Teatro da Politécnica/ Lisboa


quinta-feira, 6 de março de 2008

Último trabalho de Argos Teatro



ARGOS TEATRO, de Cuba, estreou no passado dia 29 de Fevereiro de 2008, Fango, de María Irene Fornés.

ARGOS TEATRO é um grupo de teatro fundado em 1996 pelo encenador Carlos Celdrán, professor do Insituto Superior de Arte de Cuba.

No historial do grupo existem obras como La Tríada o La Pequeña Orestíada, baseado na Oresteia de Esquilo e As Moscas de Jean Paul Sartre; Baal e El Alma Buena de Se-Chuan, ambos de Bertolt Brecht; La Vida es Sueño de Calderón de la Barca, A Menina Júlia de August Strindberg, Roberto Zucco de Bernard-Marie Koltès, Vida y Muerte de Pier Paolo Pasolini de Michel Azama, Stockman, Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, Chamaco, de Abel González Melo e a sua última produção Fango, de María Irene Fornés

Vida y Muerte de Pier Paolo Pasolini de Michel Azama chegou a estar previsto para o FITEI 2008.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Tchekhov, no Teatro Maria Guerrero, Madrid


Até ao dia 23 de Março de 2008, está em cena Tio Vania, de Anton Tchekhov, no Teatro Maria Guerrero, Madrid, produção do Centro Dramático Nacional.

Tchekhov escreveu sobre a vida quotidiana da classe média de seu país. Neto de um servo liberto, o russo Anton Tchecov (1860-1904) passou metade da sua existência na pobreza. Estudou medicina, mas adorava a literatura e, em 1887, obteve o seu sucesso inicial com a peça Ivanov. Toda a sua obra é marcada pela amargura da sua própria vida. Os seus personagens são de uma grande densidade psicológica. Em 1897, Tchecov escreveu Tio Vania e o seu texto, imediatamente, transformou-se num clássico da dramaturgia universal.

"Quando Tchekhov coloca como subtítulo de Tio Vania, escrita en 1897, «cenas da vida no campo», não há dúvida que o faz com uma considerável dose de humor negro. Com efeito, as personagens que atravessam a obra exibem, de forma cada vez mais impúdica, os conflitos, aparentemente triviais, mas que ocultam, debaixo de uma tranquilizadora capa de inocuidade, um inquietante pessimismo".

Elenco
Malena Alterio
María Asquerino
Enric Benavent
Sonsoles Benedicto
Emilio Gavira
Francesc Orella
Emma Suárez
Víctor Valverde

Versão
Rodolf Sirera

Encenação
Carles Alfaro

Cenografia
Max Glaenzel
Estel Cristià

Guarda-roupa
María Araujo

Desenho de luz
Carles Alfaro

Produção
Centro Dramático Nacional

terça-feira, 4 de março de 2008

Feira de Artes Performativas em Tavira


Entre 2 e 5 Julho 2008 realiza-se a 1ª Feira de Artes Performativas, primeira iniciativa do género relizada em Portugal.

A organização informou que os interessados poderão efectuar as suas candidaturas até dia 14 de Março. Os projectos - nas áreas de Trandisciplinares, Teatro, Dança, Novo Circo ou Música - deverão ser enviados para producao@procurarte.org e deles deverá constar:

- Dossier de espectáculo (sinopse, condições técnicas e logísticas, cachet)

- Fotografias

- Vídeo (poderá ser enviado por correio)

A organização pretende conjugar a presença do público, de programadores e produtores nacionais e internacionais, oferecendo aos criadores e companhias um espaço privilegiado para apresentação de propostas directamente aos potenciais interessados. Os programadores e produtores, por seu lado, encontrarão na feira a oportunidade de conhecer espectáculos, artistas e companhias em situação de contacto com o público.

Segundo a organização, a Feira será um evento de realização anual e realizar-se-á em Tavira. Haverá uma área reservada a profissionais, destinada a apresentação de projectos em fase de montagem, propostas e ideias para além dos espectáculos programados na Feira. O Espaço para profissionais terá zona de reuniões com acesso à Internet, um café/tertúlia e locais para a divulgação de companhias, empresas e projectos culturais, propiciando contactos e troca de ideias entre os presentes.

A Feira é uma iniciativa da Procur.arte em articulação com o projecto Pisa-Papéis - Roteiro dasArtes do Espectáculo.


sábado, 1 de março de 2008

INTER.FACES em Serralves








© Susana Neves



O NEC - Núcleo de Experimentação Coreográfica apresenta no Auditório de Serralves a 4ª edição de INTER.FACES, projecto bi-anual de colaboração entre a dança/performance e outras áreas artísticas, técnicas ou científicas.

Apresentação das peças “3 times”, co-criação de Renata Catambas e Yann Gibert e “These words are not my own”, co-criação de Alfredo Martins, Paula Diogo e Ruben Tiago.

"Inter.faces tem como objectivo principal contextualizar a actividade coreográfica na sua relação com processos de produção, criação e colaboração. É fruto da reflexão sobre os vários níveis de interacção inerentes à criação contemporânea na área das artes performativas, com especial incidência na relação entre a dança como disciplina, o universo da criação artística e o mundo.

O termo inter.faces designa dispositivos de ligação entre sistemas ou elementos de ligação de dois ou mais componentes de um sistema. É no plano da ligação entre elementos de natureza diferente que localizamos o interesse e os principais objectivos deste projecto. O nosso trabalho consiste em fomentar a permeabilidade do processo criativo, seja através da possibilidade permanente de discussão em diversas fases do seu desenvolvimento, seja através do incentivo à colaboração interdisciplinar ou através de uma partilha permanente dos resultados e metodologias utilizados ou gerados pelo desenvolvimento dos trabalhos produzidos."

Conversa_6 de Março (5ª f)
Sala Multiusos da Fundação de Serralves
18h30

Conversa com: Alfredo Martins, Lígia Soares, Paula Diogo, Ruben Tiago, Ana Monteiro, Isabel Simões, Renata Catambas e Yann Gibert (equipas criativas), Joana Providência e André Sousa (conselho artístico)
Moderação: Joclécio Azevedo


Apresentação_8 de Março (Sáb)
Auditório de Serralves
22h00

3 times

Co-criação: Renata Catambas e Yann Gibert
Interpretação: Ana Monteiro, Renata Catambas e Yann Gibert
Desenho de luz: Isabel Simões
Apoios: Fórum Dança, RE.AL e Eira33
Agradadecimentos: Cláudia Dias, Guilherme Frazão, Isabel Simões, João Fiadeiro e Rita Natálio

A maior parte do processo desta colaboração foi encontrar a peça. Como do trabalho sobre uma ideia pode surgir uma forma e que sentido essa forma pode trazer?

O projecto foi conduzido mantendo em diálogo os pontos chaves que foram os encontros entre o material e a comunidade.

Finalmente, sabemos pouco sobre esta peça. Ficamos e vamos ficar nesta situação de encontro permanente com ela. É a nossa história.Estamos aqui para testemunhar publicamente a nossa história que pode tornar-se a vossa também: uma historia sem fim num momento certo
."

These words are not my own

Co-criação: Alfredo Martins, Paula Diogo e Ruben Tiago
Interpretação: Alfredo Martins, Lígia Soares e Ruben Tiago
Desenho de luz: Ruben Tiago
Agradecimento: Teatro Praga

"A nossa proposta de pesquisa pretende equacionar três ideias fundamentais: apropriação, reprodução, repetição. Largados no real como predadores-colectores de estruturas semióticas, queremos testar a possibilidade de construir um objecto performativo com base na reprodução de materiais recolhidos em diferentes contextos (artísticos e não artísticos).Pretendemos desenvolver metodologias de trabalho que problematizem as questões da reprodução e da representação e que nos permitam aferir da possibilidade de materiais externos e estranhos integrarem um plano dramatúrgico unitário e coerente."


Inter.faces 07

Conselho artístico: André Sousa, Joana Providência e Joclécio Azevedo
Produção: Núcleo de Experimentação Coreográfica
Produção Executiva: Joana Ventura e Mafalda Couto Soares
Co-produção: CENTA / O espaço do tempo
Colaboração: Fundação de Serralves