terça-feira, 31 de agosto de 2010

A decorrer o Cena Contemporânea de Brasília


O Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília está a realizar a edição de 2010 apostando na inventividade. A programação inclui espetáculos que expressam o "desejo de refletir sobre o conturbado panorama mundial, ao reunir artistas da Espanha, Sérvia, Israel, Colômbia, Cuba, Suíça, Itália e Brasil, alguns deles vivendo um cotidiano de violência, guerras e conflitos decorrentes da situação geopolítica global. Reflexões sobre o exílio, a tortura, a solidão, a violência e a guerra, mas também sobre o amor, a solidariedade e a possibilidade de um mundo melhor."

A programação inclui a co-produção luso-brasileira DULCE, espectáculo que resulta de um período de residência de artistas do Brasil (Michel Blois e Thiare Maia) e de Portugal (Cláudia Gaiolas e Nuno Gil), trabalhando uma dramaturgia comum, inspirada no universo literário de Ingmar Bergman, Sarah Kane e Antonio Lobo Antunes.

A companhia Kabia, do País Basco apresentou dois espectáculos, incluindo o premiado DIZER CHUVA E QUE CHOVA (Decir lluvia y que llueva). SOLITÁRIO COWBOY (Lonesome Cowboy), pela Companhia Philippe Saire (Suíça), será o espectáculo de encerramento.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

'Rebeldías posibles' voltam à Cuarta Pared


A Sala Cuarta Pared, de Madrid, inicia as comemorações do seu 25º aniversário com a reposição de Rebeldías posibles . Segundo informa a comunicação da sala, os motivos desta nova apresentação da peça são: primeiro, Rebeldías posibles ter estreado em Fevereiro de 2007 integrado na programação do Escena Contemporánea; segundo, o seu êxito ter obrigado a que se mantivesse em cartaz até ao final da temporada; terceiro, porque recebeu as mais elogiosas críticas; quarto porque foi Prémio para a Melhor Proposta de Teatro na 21ª Feria Internacional de Teatro y Danza de Huesca; quinto, porque muitos espectadores e programadores solicitaram a sua reposição.

A partir de 2 de Setembro, Rebeldías posibles, de Luis García-Araus e Javier G. Yagüe, na Cuarta Pared, com interpretação de María Antón, Frantxa Arraiza, José Melchor, Javier Pérez-Acebrón, Asu Rivero e José Sánchez.

domingo, 29 de agosto de 2010

TRAMA - FESTIVAL DE ARTES PERFORMATIVAS | 5ª EDIÇÃO | 14 - 17 OUT 2010

A 5ª edição do Festival de Artes Performativas TRAMA acontece de novo em vários espaços do Porto, numa iniciativa da Fundação de Serralves e do Brrr_Live Art, com a colaboração de vários parceiros na cidade. Música, teatro, dança, performances e passeios cruzam-se em espaços de natureza diversa, da rua ao mosteiro, do auditório ao hotel.Experimental na sua génese, o Trama propõe-se surpreender o seu público com performances intensas e inovadoras, articuladas num programa que deseja, de forma flexível, proporcionar novas vivências e explorações da cidade, singulares e partilhadas.

ARTISTAS E PROJECTOS JÁ CONFIRMADOS

VINCENT DUPONT “Haus Cris (miniature)”
PAULO CASTRO“Regina vs. Contemporary Art”
CHRISTINA KUBISCH“Electric Walks”
THOMAS KÖNER“The Futurist Manifesto” e “La Barca”
BEATRIZ ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE MENDES “Love Me Tender”
DIRTY HONKERS

sábado, 28 de agosto de 2010

Prémios de teatro em Valladolid


A Associação"Amigos del Teatro" de Valladolid premiou a actriz Terele Pávez e o actor José María Pou, com os prémios anuais de reconhecimento das melhores actuações em Valladolid durante a temporada teatral.

O prémio para a melhor actuação feminina foi para Terele Pávez, pelo seu desempenho na obra "¡¡¡Mamááá!!!", estreada no pasado dia 19 de Março no Teatro Zorrilla, de Valladolid.

O prémio para a melhor actuação masculina foi atribuido a José María Pou, pelo trabalho em "Los chicos de historia", que no Teatro Calderón "assumiu as funções de traductor, encenador e intérprete".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Festival in Transitions | Abertura de candidaturas

Teoria e Prática para a próxima geração de Directores e Produtores Europeus: Uma iniciativa de 8 festivais em 8 países.

Requisitos para participar:
- Idade superior a 22 anos e ser residente Europeu;
- Ter profissional e independentemente realizado um ou mais projectos dentro da área das artes do Espectáculo;
- Ser fluente em inglês - escrito e falado;
- Estar preparado e disponível para participar em todos os elementos do FESTIVAL LAB.

30 de Setembro de 2010, data limite de candidatura.

Mais informações em www.theatre-fit.org

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Maria Dulce: a pequena Maria de Noronha foi actriz até ao fim | Artigo no Público de 26.08.2010

O jornalista Mário Lopes escreve hoje no Público: "Esperai! Que Deus é esse que está nesse altar e quer roubar o pai e a mãe a sua filha?" Era uma criança que o dizia. Criança expressiva, criança actriz. A cena final de Frei Luís de Sousa, adaptação cinematográfica da peça de Almeida Garrett realizada por António Lopes Ribeiro em 1950, foi um dos grandes momentos da carreira de Maria Dulce, que morreu terça-feira, aos 73 anos, na casa que habitava em Bucelas."

Notícia na íntegra em www.publico.pt


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Morreu Maria Dulce


Morreu a actriz Maria Dulce, aos 73 anos. Na televisão integrou o elenco de várias telenovelas e séries televisivas, nomeadamente "Os Andrades". A actriz estava ensaiar a peça “Sabina Freire”, de Manuel Teixeira Gomes, encenada por Celso Cleto, com estreia prevista para 5 de Outubro no auditório Eunice Muñoz, em Oeiras.

Maria Dulce tinha uma carreira de 60 anos, tendo participado em vários filmes, tanto em Portugal como em Espanha, onde obteve grande sucesso.

Com a série televisiva “Os Andrades” obteve também um assinalável êxito e, no ano passado, integrou o elenco da peça "Hedda Gabler", de Henrik Ibsen, com encenação de Celso Cleto, produzida pelo Dramax, com a qual se apresentou em vários palcos nacionais e no Círculo de Bellas Artes, em Madrid.

Maria Dulce estreou-se aos 13 anos, no papel de Maria, no filme "Frei Luís de Sousa", de António Lopes Ribeiro.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conferência Internacional sobre Artes do Espectáculo e Formação

A IUGTE, organização não governamental e sem fins lucrativos, que pretende fomentar o diálogo intercultural através das artes do espectáculo, organiza entre 1 e 4 de Dezembro uma conferência internacional no castelo de Retzhof, em Leitring bei Leibnitz, na Áustria, que se destina a profissionais das artes do espectáculo do mundo inteiro, sejam eles artistas, educadores ou professores.

O evento está aberto a todos os géneros, técnicas e formas: teatro, dança, circo, bem como as novas formas de expressão com recurso ao multimédia.

As inscrições estão abertas até 28 de Agosto de 2010 em http://www.iugte.com/projects/Conference.php

domingo, 22 de agosto de 2010

Silvana Abreu leva 'Sintoma' para S. Paulo


Foi anunciada a estreia em São Paulo do espectáculo “SINTOMA”, com Angela Sassine e encenação de Silvana Abreu.

Será no dia 20 de Agosto, Sexta-feira, às 21h, no Teatro Sérgio Cardoso, Sala Paschoal Carlos Magno, em São Paulo. A temporada vai até 10 de Outubro.

A sonoplastia da peça conta com tangos de Astor Piazzolla e Carlos Gardel. O guarda-roupa é do estilista Fause Haten.

"Uma dama distinta e respeitável aguarda a consulta na sala de espera do analista. Ela está abalada por um desconhecido sintoma e não consegue controlar as mãos. Na tentativa de manter a ordem, fala sobre comportamento e dá uma aula muito divertida sobre etiqueta e boas maneiras, levando a situações inusitadas e trágico-cómicas."

sábado, 21 de agosto de 2010

1ª edição do MIRADA

O SESC SP, com o apoio do Ministério de Cultura da cidade de Buenos Aires e da Prefeitura de Santos/S. Paulo, realizará no período de 02 a 11 de Setembro a 1ª edição do MIRADA - Festival Ibero-Americano de Artes Cénicas, na cidade de Santos/SP. Serão mais de 30 companhias divididas entre espectáculos brasileiros e internacionais (Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai, Venezuela e Argentina - país homenageado nesta primeira edição e que contará com sete espectáculos na programação).

'O festival lança um olhar para a produção cultural destes países, a fim de reduzir fronteiras, ampliar horizontes e facilitar a comunicação dos mensageiros artísticos onde seja possível compartir a ética da reciprocidade, a força das ideias e fortalecer o diálogo por meio da cultura. Prioriza a troca entre criadores e público no âmbito da diversidade cultural e social dentro e fora do Brasil'.

Entre os dias 04 e 08, acontecerão as apresentações dos espectáculos brasileiros e os encontros com os seus realizadores, além de mesas de debates, cujos temas abordarão questões relevantes acerca da produção ibero-americana.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

'A Gaivota' estreia dia 15 de Setembro


"A Gaivota", de A. Tchekov, uma criação Ao Cabo Teatro, estreia a 15 de Setembro.

Com encenação de Nuno Cardoso, cenografia de Fernando Ribeiro e desenho de luz de José Álvaro Correia, conta com interpretação de Cristina Carvalhal, João Castro, João Pedro Vaz, Jorge Mota, José Eduardo Silva, Lígia Roque, Luís Araújo, Maria do Céu Ribeiro, Micaela Cardoso e Paulo Freixinho.

A estreia foi um fiasco, em São Petersburgo, corria o ano de 1896. Reza a história que Anton Tchékhov abandonou o teatro jurando a si mesmo não voltar a escrever para o palco. No final da temporada, a peça era já um êxito e acabaria por se tornar o emblema do Teatro de Arte de Moscovo de Stanislavski e companhia. Que assim tenha acontecido não deverá surpreender, pois que é a contradição – entre sucesso e fracasso, como entre sonho e realidade ou entre as convenções e as “novas formas” – que atravessa A Gaivota, peça com que o TNSJ abre a temporada 2010/2011. Rodeado pelos seus mais regulares colaboradores, Nuno Cardoso acerca-se deste teatro que fala de si próprio e ama a vida toda, acrescentando à sua galeria de belos vencidos as personagens de Tréplev, Arkádina, Nina e Trigórin – criaturas que persistem em colocar a fasquia da existência muito acima da sua capacidade de impulsão, gente irresistivelmente votada ao fracasso, ou a descobrir a insuficiência de todo o êxito. É o regresso de Nuno Cardoso ao universo do dramaturgo russo, depois de nos ter surpreendido com Platónov, produção do TNSJ considerada pelo jornal Público como o melhor espectáculo teatral de 2008, também merecedora de uma Menção Especial da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. “Subimos o pano às nove e meia em ponto, quando nasce a lua.”

Uma criação Ao Cabo Teatro, em co-produção com CCVF, Teatro Maria Matos, Teatro Aveirense e TNSJ.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Cursos 2010/2011 no Fórum Dança - Lisboa

Curso de Gestão/Produção das Artes do Espectáculo

De 25 de Outubro de 2010 a 12 de Outubro de 2011
Candidaturas até 10 de Outubro 2010
Entrevistas: 14 e 15 de Outubro de 2010

Este programa aponta para a formação aprofundada no sector das artes do espectáculo, visando o conhecimento das diferentes formas de elaborar projectos e acompanhar as suas fases de concretização. É dirigido aos interessados em desenvolver trabalho como produtores, gestores culturais, programadores.

Mais informações em http://www.forumdanca.pt/producao/curso_gpae_17.htm

Curso de Dança na Comunidade

de 29 de Outubro 2010 a 4 Junho de 2011
Candidaturas até 4 de Outubro 2010
Provas de acesso: 15 ou 16 de Outubro de 2010

Este programa de formação pretende contribuir para que as práticas artísticas estejam presentes na vida de um número cada vez mais alargado de pessoas.
Baseia-se na acessibilidade da experiência artística enquanto um direito e um valor.
Mais informações em http://www.forumdanca.pt/danca/cdc2010.html

Programa de Estudos Avançados em Arte e Cultura Contemporâneas

Primeira edição: abertas as candidaturas
De 25 de Novembro de 2010 a 5 de Agosto de 2011

O PEAACC é uma formação intensiva, de cariz teórico-prático, dirigida a profissionais das diferentes áreas artísticas e culturais. Pretende promover a reflexão sobre as artes e cultura contemporâneas, na sua transversalidade e nos seus modus operandi e vivendi complexos, estabelecendo ligações entre estas e o pensamento contemporâneo, a comunicação, a política, a sociedade, a economia e os financiamentos.

Mais informações em http://www.forumdanca.pt/producao/peaacc2010.html

Workshop de Teatro Interactivo, Teatro- Imagem e Dança por Dora da Cruz no Espaço Reflexo - Sintra

Nos dias 4 e 5 de Setembro, realiza-se no Espaço Reflexo, em Sintra, o workshop de Teatro Interactivo, Teatro- Imagem e Dança dirigido por Dora da Cruz, actualmente a leccionar em Manchester.

Para mais Info: espacoreflexo@gmail.com

Procuram-se FIGURANTES para Civilization de André Guedes


PROCURAM-SE FIGURANTES

para Civilization, uma acção registada em fotografia

mulheres e homens, idades entre 20-40 anos
2 sessões : 19 e 22 de Agosto, das 13h as 18h
local : Rua da Junqueira, Lisboa

dia 19 (ensaio) o projecto será introduzido aos presentes
a participação não é remunerada

pf contactar previamente :
André Guedes, aguedes@gmail.com
Margarida Mendes, auroreboreal@gmail.com

Pecha Kucha Night Lisbon #9 | candidaturas

A PechaKucha Night Lisbon vol. 09 está a ganhar a forma e já tem data e local confirmado. A Fundação EDP / Museu da Electricidade volta a acolher-nos no dia 02 de Outubro.

Entretanto estamos a receber auto-propostas para a próxima edição da PKN Lisbon até ao dia 10 de Setembro. Quem estiver interessado é favor colocar mãos à obra e enviar-nos para o email pechakucha.lisbon@gmail.com a seguinte informação:

* Nome
* Idade
* Telemovel
* Profissão
* Empresa
* Sinopse da apresentação
* 2 jpgs ilustrativos da apresentação

Mais informações em www.pechakuchalisbon.blogspot.com

Michael Kaiser | Seminário de Gestão Cultural no CCB

A 14 de Setembro, o Centro Cultural de Belém acolherá, por iniciativa do DeVos Institute of Arts Management at the Kennedy Center, numa organização do Ministério da Cultura com a parceria da Câmara Municipal de Lisboa e do Instituto Camões, um Seminário de Gestão Cultural apresentado pelo Presidente do Kennedy Center for the Performing Arts de Washington, DC, EUA, Michael M. Kaiser,.

Este seminário é leccionado em inglês, de entrada livre e destina-se a todos os profissionais das Artes e da Cultura que exerçam funções de Gestão Cultural, quer integrados em organizações culturais, quer como freelancers.

O seminário abordará importantes temas da gestão cultural e discutirá práticas correntes nos EUA e a forma como as mesmas poderão ser relevantes para as organizações culturais portuguesas.

Da agenda do seminário, que decorrerá entre as 9h00 e as 13h30, constarão os seguintes temas:

- Planeamento Estratégico
- Marketing Programático e Institucional
- Fundraising
- Planeamento Artístico

Inscrição gratuita, até 7 de Setembro, sujeita à lotação da sala.

Mais informações sobre o Seminário e inscrição podem ser obtidas em www.portaldacultura.gov.pt ou através de Allegra Markson, contactável pelo e-mail acmarkson@kennedy-center.org

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Artigo de Opinião de António Pinto Ribeiro | Jornal Público

António Pinto Ribeiro - Ensaísta e programador cultural
In Público de 13/08/2010



"O dr. Pacheco Pereira decidiu fazer na revista Sábado um conjunto de comentários sobre a criação artística contemporânea em Portugal. O teor dos comentários indicava essa obsessão que o político tem por controlar tudo o que aparece no espaço público e revelava nos mesmos comentários que o seu mundo de referências culturais para a arte é um mundo decadente.















O dr. Pacheco Pereira, que é o político que mais espaço ocupa na comunicação social, tem um desejo incontido de querer arregimentar o país. O dr. Pacheco Pereira quer arregimentar a relação dos jornalistas com os políticos (lembramo-nos todos do triste episódio quando, enquanto líder da bancada do PSD, quis impor normas de acesso dos jornalistas aos deputados da AR), quer impor quais são os bons e os maus jornais, quer decidir quais as boas e as más notícias. No programa que tem na SIC, supostamente sobre comunicação social, é constrangedor ouvir o elevado número de lugarescomuns que profere sobre jornalismo, sem apresentar qualquer fundamentação teórica, quer dos cânones das ciências da comunicação, quer das teorias mais recentes sobre comunicação em espaço público.

Muito recentemente, o dr. Pacheco Pereira achou que também tinha algo a dizer sobre como arregimentar as artes em Portugal, em particular sobre todas as actividades artísticas que não conhece. E porquê? Porque se considera a si próprio um legislador de poéticas possíveis e autor de expressões que acha que são de um enorme contributo para a vida intelectual portuguesa, como esse exemplo de uma finura invulgar que é a palavra "culturalês", que ele criou para aplicar à linguagem utilizada por artistas. E vai daí, e do lugar da sua decadência cultural, tratar de opinar sobre o discurso das artes performativas em Portugal. Ao comentar como comentou um conjunto de grupos e de espectáculos o dr. Pacheco Pereira demonstrou o desconhecimento que manifesta em tudo o que diz respeito à cultura e à arte contemporâneas.

Pese embora não ver os espectáculos sobre cujos anúncios e o conteúdo se pronuncia, e pese embora, como o afirmou, ver filmes em casa, em DVD, do mesmo modo que alguém pode dizer que viu a Gioconda num calendário, o dr. Pacheco desta vez decidiu investir contra os artistas portugueses, porque não entende como estes possam ser subsidiados pelo Estado e pelos contribuintes, quando ele acha ridícula a linguagem por estes utilizada. O dr. Pacheco Pereira, que parece desconhecer que nos países da União Europeia, no Canadá e nos EUA a maioria das actividades produtivas são subsidiadas das mais diversas formas: da agricultura à investigação científica.

É um defensor dos mercados, desde que estes se comportem conforme ao seu mundo próprio, mas de facto nada sabe do mercado das artes, nem de subsídios como estratégias possíveis de criação na formação, nem de outras formas de investimento na criação de massa crítica. No seu mundo decadente os artistas e as personagens históricas nascem já como génios ou como personagens históricas, não experimentam, não falham, não erram, não persistem. A ignorância do dr. Pacheco Pereira é grande no que diz respeito às artes contemporâneas e à evolução que as suas múltiplas formas têm tomado desde as vanguardas da década de 1970. E por isso estranha que se conceba e realize um espectáculo para cinco pessoas. Há espectáculos para cinco, para um, para dez ou para centenas de espectadores e não é pela quantidade de público que se determina a sua qualidade, nem tão-pouco há uma relação directa entre custo e qualidade.

O dr. Pacheco Pereira deveria saber que a arte exige um pensamento sofisticado e que, a pronunciar-se sobre ela, deveria ter estudado, visto, investigado. Talvez, se tivesse lido alguns textos de Hal Foster, Didier-Huberman, Jacques Rancière, Giorgio Agamben, Penny Phelan, Susan Foster, Homi K. Bhabha, André Lepecki, ou mesmo alguns de autores mais antigos, como algumas páginas de Crítica da Faculdade de Julgar, de Kant, no que diz respeito à autonomia da arte ou Organon de Brecht no que diz respeito aos heróis demasiado humanos, não tivesse proferido tão soberbas opiniões. Afinal, toda avaliação do dr. Pacheco Pereira sobre os artistas que fazem arte contemporânea baseia-se em provas, em argumentação? Não, é apenas a sua opinião. Quero com isto dizer que todos os artistas portugueses são bons e o que fazem é excelente? Não. Há alguns muito pouco interessantes e há obras que muitas vezes nos levam a lamentar o tempo passado a contemplá-las.

Mas o contrário também é verdadeiro e bastante mais frequente: há artistas contemporâneos em Portugal a criar obras fantásticas, que alargam o mundo, que alargam a nossa percepção do mundo e nos transformam. E tal como na investigação em todos os ramos das ciências, na criação artística existem falhas, cometem-se erros e há tempo perdido, mas isso faz parte da natureza da produção contemporânea. Este tipo de artigos, como o do dr. Pacheco Pereira, não é inocente. Antes prepara e condiciona a opinião pública, que já muito facilmente considera como desperdício os subsídios concedidos aos artistas, apresentando-os como portadores de uma linguagem cifrada, inspirando-se e criando sobre coisas materiais do quotidiano e não bélicas, que é o que entusiasma o dr. Pacheco Pereira.

Mais uma vez, um pouco de estudo sobre a história da arte e ele perceberia que os quartos do hotel e o quotidiano de que falava o performer são matéria de trabalho artístico numa história que pode ser encontrada tanto em Bizâncio como nos infortúnios no cinema de Apiachtpong. Este tipo de artigos feitos a partir, de facto, de um lugar decadente, de um lugar sem esperança, são na sua falsa cautela com o erário público de uma enorme perversidade, pois servem de pretexto para retirar os subsídios aos artistas, porque supostamente o que estes produzem fica aquém dos mínimos.

Será que o dr. Pacheco Pereira já se questionou se o que ganha, tal como os seus colegas deputados, e que representa duas vezes e meia mais do salário de um artista português das artes performativas a recibos verdes, pode parecernos excessivo, dado que aquilo que vemos produzir por si e pela grande maioria dos seus colegas nos parece ser absolutamente irrisório? Ao que nos é dado ver de fora da AR através dos jornais e da TV, porque havemos de continuar a subsidiar os senhores deputados que produzem pouco, que têm uma linguagem pobre, maioritariamente desprovidos de qualquer criatividade política? Não, não estamos já a diabolizar os políticosdeputados. Seria de uma leviandade, pese embora que nos daria algum prazer imaginar legislatura, apenas como experiência, o orçamento da da República fosse trocado pelo do Teatro S. Carlos e vice-versa. Um dos problemas dos portugueses é o de muitas vezes não saberem comunicar.

Sim, os artistas portugueses deveriam saber escrever bom português como todos os cidadãos, mas não é isso que se espera deles: espera-se mais, espera-se que sejam capazes de transmitir a singularidade da sua obra, e para isso há especialistas que o fazem e bem mas... custa dinheiro. E portanto são eles que o fazem; mal sim, e às vezes com uma dose de ligeireza que não é correcta, mas que deriva da enorme instabilidade financeira em que vivem na maioria dos casos.

Mas imaginemos que o dr. Pacheco Pereira, nas suas aulas de história política, queria explicar o Lago dos Cisnes aos seus estudantes. Se tem recursos financeiros para isso contrata uma companhia de ballet para que os estudantes possam ver a obra a que se refere. Se não tem tais recursos, será ele próprio a interpretar o papel do Príncipe Sigfried e a ter de executar os vários entrechats, pirouettes, grands jetés à frente dos seus estudantes. Não me parece que a solução fosse mais feliz e mais convincente que a prosa do Miguel Bonneville sobre a sua performance [na foto] e que foi o alvo da grande crítica e indignação do historiador.

Não vivera o dr. Pacheco Pereira no seu mundo decadente e politicamente autocentrado e deveria admitir a sua enorme ignorância em muitas matérias, e em arte em especial, e então talvez começar por estudar, ler e voltar a estudar e depois ver espectáculos, e cinema, e ouvir música numa sala de concertos, e gostar ou desgostar, entusiasmar-se ou angustiar-se, emocionar-se, se ainda for capaz, e admitir a estranheza ou exaltar-se com a beleza que pode emergir no mundo de hoje, e então pronunciar-se. De outro modo tudo não passará de uma visão decadente sobre o mundo, revelando uma obscenidade preconceituosa contra a produção artística contemporânea."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O actor face ao objecto


A Tarumba organiza uma formação na área do Teatro de Marionetas: O ACTOR FACE AO OBJECTO, coordenada por Agnès Limbos, da Companhia Gare Centrale (BE), de 20 a 24 de Setembro de 2010. O Projecto Funicular é constiruído porworkshops intensivos dirigidos a profissionais seleccionados em função do seu currículo e experiência. A inscrição é internacional e, devido à selecção, quer dos formadores, quer dos participantes, reúne diversas disciplinas artísticas, permitindo o encontro da marioneta com as outras artes. No final da formação serão organizadas apresentações dos trabalhos realizados.

O teatro de marionetas contemporâneo cruza diversas técnicas de manipulação ou campos artísticos. As técnicas tradicionais de manipulação são reinventadas. O actor-manipulador tem de saber controlar e manipular o seu corpo, a sua voz e, simultaneamente, apropriar-se da diversidade e liberdades estéticas que o teatro de marionetas e formas animadas permite.
O primeiro conjunto de workshops proposto, com dois criadores muito importantes no teatro de marionetas e de objectos contemporâneo, Stephen Mottram e Agnès Limbos, abarca alguns destes aspectos, nomeadamente, a importância do estudo e apreensão do movimento da marioneta e, no campo do teatro de objectos, a relação do actor face aos objectos, um teatro com uma liberdade criativa infinita.

DATA LIMITE DE INSCRIÇÃO: 10 de Setembro de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Uma comédia na programação teatral de verão em Madrid


RIBALTA PRODUCCIONES tem em cartaz '¡CON LA MUERTE EN LOS TACONES!!' na SALA II do NUEVO TEATRO ALCALÁ, em Madrid. A peça estará em cena até 29 de Agosto.

Assumida como um 'road movie' teatral, esta comédia parte da história de três irmãs que, após receberem a notícia da morte da mãe, empreendem uma viagem cumprindo o seu último desejo.

sábado, 14 de agosto de 2010

Divorciadas, evangélicas e vegetarianas

Uma década depois da estreia em Espanha de ‘Divorciadas, evangélicas y vegetarianas’, a companhia das Ilhas Canárias ‘Profetas del Mueble Bar’ estará em cartaz com a peça em Madrid praticamente todo o mês de Agosto. Com um elenco formado pelas actrizes Pilar Sanjosé, Alicia Cifredo e Yanet Sierra, esta obra do dramaturgo venezuelano Gustavo Ott está em cena no Pequeno Teatro Gran Vía até 29 de Agosto.

A comédia desenvolve-se com grande ritmo em três actos e três espaços (estação de metro, cinema e num campo), estando estes três espaços relacionados com a acção dramática que se desenvolve. Gloria, Beatriz e Meche são três mulheres em crise consigo mesmas e com o mundo que as rodeia.