Camino Real, de Tennessee Williams, pelo TEATRO DA GARAGEM, numa encenação de Carlos J. Pessoa, está em cena no Teatro Taborda, em Lisboa, a partir de 20 Janeiro.
Em Camino Real, Williams, que escreveu sob o pseudónimo de Tennessee, e cujo percurso de vida, de operário, a estudante universitário e escritor, marcou profundamente a sua obra, situa a acção num lugar irreal, um mundo novo, obscuro, corrupto e violento. As personagens escolhidas são figuras da história, do cinema e da literatura e movem-se, como fantasmas, num ambiente quente e opressor, repleto de violência, sadismo e paixão. Em 1953 e ainda antes da estreia na Broadway, Tennessee Williams referia-se a Camino Real como sendo a peça que escrevera cuja mundividência mais se parecia com a «construção de um outro mundo, uma existência à parte». De facto, o ambiente comum de Camino Real é o do sonho. Em Camino Real, porto vago de um lugar ainda mais impreciso, as personagens entram, vindas não se sabe bem de onde, e partem para destinos imprevistos ou mundos de sonho, para a Terra Incógnita, mas também para Atenas, ou então não partem e existem enquanto fantasmas entre dois hotéis. Enquanto não partem e passeiam pela plaza, descobrem que afinal o tempo não é misericordioso e que os sonhos da juventude são antecâmaras de caminhos a tomar e do desfalecimento das utopias. A elegia passa em cortejo em Camino Real.
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