Três propostas de dança na Malaposta

"Fragmented Bodies...", "Amor aos Retalhos" e "cherché, trouvé, perdu" são três propostas de dança apresentadas na Malaposta, dias 10 e 11 de Julho.

Fragmented Bodies...
Conceito e Coreografia Gagik Ismailian
Música Excertos de Illusion of safety – Historical, Henry Torgue e Serge Houppin, Art Zoyd, Hahhen.
Intérpretes Gustavo Oliveira, Fábio Pinheiro, Isadora Ribeiro, Jose Román, Ricardo Freire.

Tendo como referência Vigiar e Punir de Michel Foucault, sublinho o conceito de “Corpos Dóceis” tal como por ele é descrito: ‘(...) O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tão pouco aprofundar a sua sujeição (...). Forma-se então uma politica das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada dos seus elementos, dos seus gestos, dos seus comportamentos. (...) A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”.’ Trato aqui um tema controverso e delicado, o “preso político” encerrado numa cela, “O corpo cívico”, um corpo fragmentado e isolado. Neste processo uso o campo de detenção de Guantánamo como Metáfora, assim deliberadamente delimitando um espaço. Depois, com a ajuda dos intérpretes, encontrei os meios para transformar o processo em obra. Crio o material físico a partir de narrativas autobiográficas. O desafio criativo, o cerne do trabalho com as suas emoções e a sua memória, foi achar o lugar no corpo do intérprete onde a repleção da memória e o vazio lutam entre si numa fina linha de tensão. Procurei o lugar onde tarefa física e emoção se encontrassem. Em cada um dos solos, a estrutura segue uma viagem que começa no corpo inocente até chegar ao ser aprisionado e à sua fúria de se sentir preso numa cela. Assim, nas últimas cenas, conduzo o público através de uma série de movimentos lentos onde um êxtase de gestos libertos e solenes conquista a acção e cada corpo de cada intérprete corporiza a enchente da memória emocional cinestésica que os catalisa através do seu próprio corpo.
Gagik Ismailian


Amor aos Retalhos
Criação e direcção Cláudia Nóvoa
Coreografia Cláudia Nóvoa com intérpretes
Música Philip Glass
Colagem Musical Gustavo Oliveira
Intérpretes Rita Reis, Isadora Ribeiro, Liliana Mendonça, Susana
Lima, Claudia Sampaio, Jose Román, Ricardo Freire,
Fábio Pinheiro, Gustavo Oliveira e Pedro Ramos.

“sim, fora só ansiedade. porque o amor não cabia quieto no espaço tão pequeno que era o corpo de uma mulher.”
Valter Hugo Mãe
Quisemos falar de amor, quisemos dançar como falamos, falar como escrevemos, escrever
cartas de amor, esperar por cartas de amor. Viver, ansiar, brincar, chorar, desesperar, morrer por amor. Este amor que transborda do corpo, que transforma o tempo e o espaço. O amor suspenso. O amor que espera. Pedaços de amor impresso no papel. Pedaços de papel com retalhos de amor.
Cláudia Nóvoa


"cherché, trouvé, perdu"
Coreografia Patrick Delcroix
Música Arvo Pärt
Figurinos Patrick Delcroix
Desenho de luzes Patrick Delcroix
Intérpretes Cláudia Sampaio, Fábio Pinheiro, Gustavo Oliveira, Isadora
Ribeiro, Jose Román, Ricardo Freire, Rita Reis e Susana Lima

Chercher: Procurar. Esforçar-se para descobrir, para encontrar alguém, alguma coisa.
Trouver: Encontrar. Aperceber-se de algo, alcançar aquilo que se procurava ou que se
desejava ter.
Perdre: Perder. Deixar de ter em sua posse ou à sua disposição alguma coisa ou
alguém.
Patrick Delcroix