sábado, 5 de dezembro de 2009

Otelo no Teatro do Bolhão


O Teatro do Bolhão tem em cena OTELO, de WILLIAM SHAKESPEARE, numa encenação de KUNIAKI IDA.

“As nossas viagens ainda são as de Ulisses, os nossos trabalhos ainda são os de Hércules” diz George Steiner afirmando que só o regresso às origens - aos clássicos e à sua força canónica, permite o novo e alimenta a nossa necessidade permanente de originalidade.
Com a produção de Otelo, de W. Shakespeare, a ACE/Teatro do Bolhão regressa a uma das suas linhas nucleares de programação: a revisitação dos textos e dos autores mais emblemáticos da dramaturgia universal. O ciclo que propomos não é, evidentemente, literário mas teatral; no entanto constrói-se a partir de clássicos, essas raras obras que permanecem no Tempo, que nunca são esgotáveis, que cada geração tem necessidade de re-olhar e de tentar a sua leitura sempre incompleta. Pois, ao contrário da obra vulgar, o clássico não se deixa domesticar pela descodificação - “ o clássico é a obra significativa que nos lê”, diz Steiner de novo.
Neste sentido uma encenação de Shakespeare constitui, provavelmente, o desafio de reinterpretação mais paradigmático que poderemos encontrar no universo teatral já que continuamos a procurar, há mais de quatrocentos anos, através de réplicas e releituras das suas obras, um conhecimento mais profundo de nós mesmos. Ficamos tentados a acreditar, como Peter Acroyd, que “Shakespeare ainda é o limite até ao qual conseguimos ver”.

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