segunda-feira, 6 de abril de 2009

Júlio Castronuovo encena Becket em Évora

DIAS FELIZES é um maravilhoso poema de amor, o canto de uma mulher que ainda quer ouvir e ver o homem que ama."

Winnie é uma personagem que cria o seu presente a partir de fragmentos de uma existência anterior. Está a afundar-se na terra. No Acto I está enterrada até à cintura, e passa o tempo entre a campainha que toca para acordar e a que toca para dormir tentando envolver Willie – o seu companheiro – na conversa, evocando memórias de uma vida anterior, em que a mobilidade era possível, contando histórias a si própria e remexendo nos seus objectos dentro do saco. O seu conflito interior reside no facto de o seu interlocutor lhe poder falhar e ter que passar a falar sozinha, coisa que não poderá suportar. 

 Na condição em que se encontra, é absolutamente necessário que encontre forma de passar o tempo “à moda antiga”, de forma a minimizar as adversidades que enfrenta, dia após dia. Assim, não pode parar de falar, para se obrigar a não pensar no que a atormenta, como não pode prescindir dos seus objectos, recordações palpáveis do que ela já foi e pode (enquanto os puder usar) continuar a ser, vivendo assim um “dia feliz” de cada vez.

Dias Felizes
de Samuel Beckett
Encenação: Júlio Castronuovo
Assistente de Encenação: Maria Marrafa
Cenografia: Carlos Barreira
Figurinos: Inês de Carvalho
Iluminação: António Rebocho
Interpretação: Isabel Bilou e Rui Nuno
  
Teatro Garcia de Resende, Évora
Em cena até dia 12 de Abril

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