segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Solas na Fábrica Social


SOLAS apresenta numa mesma temporada várias e diferentes abordagens de vozes femininas, que dialogam a solo ironicamente sobre a solidão numa cultura que se quer mediática e invulnerável. NARCISA, a mulher ao espelho que convoca as suas múltiplas personagens. ANÓNIMA, discursos femininos que se fundem na crueza humana. O sadismo, a misoginia e a homofobia como retratos de uma grandeza malévola.


NARCISA
a mulher ao espelho que convoca as suas múltiplas personagens num desdobramento esquizofrénico dos seus eus, como uma forma de viver e encontrar o amor. Um amor igualmente narcisista e solitário. Narcisa cria compulsivamente universos de fantasia quotidiana como recusa do seu regresso ao mundo real. A metamorfose operada na personagem é apresentada e explorada na representação da intérprete. Sem recorrer a nenhum texto, objecto ou mudança de figurino.
Vive suspensa no seu espaço "montra" onde expõe os seus Eus que ama e odeia profundamente. Ela é a sua própria líder mas também a sua criada. O seu espelho invisível e imaginário é o público. A solidão é o seu habitat.


ANÓNIMA
Um trabalho que satiriza as projecções negativas do imaginário colectivo diante do mistério feminino. A história insiste em ver a mulher como a própria representação do mal. A mulher-demónio, a mulher-cabra e bode expiatório. A mulher-monstra feita de auto-ódio. Aqui está uma caricatura dessas percepções. Aqui está a anónima, a criminosa ignorante sem identidade, viciada pela religião, cuja violência assume formas associadas aos homens. O rap da Eva. A balada da subalterna. O hino da super-boa.

Criação e direcção de Ana Luena com interpretação de Margarida Gonçalves e Isabel Nunes.
Fábrica Social - Fundação José Rodrigues - Porto
Entre 29 de Outubro e 11 de Novembro.

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