Um actor ao terminar a representação da personagem Orestes realiza uma espécie de exame de consciência que é igualmente uma auto-caracterização e uma auto-exaltação. Apresenta-se como um alguém que procura redimir o teatro de um equívoco literário, usando-se como obstáculo ao sentido filosófico e poético do texto. Através do seu corpo destrói a dieta do olhar (quer da encenação, quer do público) necessária para se chegar ao “sentido”. A arte do actor tratada como arte da volúpia, e a volúpia como condição humana; daí a rivalidade espontânea com o texto, espaço do sentido, e por isso “desumano” já que indiferente ao poder dessa volúpia.
Não tenho olhar mas mamilos que endurecem quando alguém me olha, é um texto deZeferino Mota que também assina a encenação, com Daniel Pinto. De 5 a Junho a 8 de Julho no Teatro do Bolhão.
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