Angélica Liddell, uma das mais inovadoras criadoras de Espanha, que tem participado regularmente no CITEMOR, em Montemor-o-Velho, vai apresentar "La casa de la fuerza" na Culturgest, dias 11 e 12 Fevereiro.
O "Libération" escreve que é "como uma cerimónia aos mortos, um ritual cuidadosamente orquestrado para arcar com a infelicidade do mundo, um modo de reabrir as feridas antes de eventualmente voltar a fechá-las."
No dia 2 de Outubro de 2008, dia do meu aniversário, sentia-me mal, estava fodida com o passar do tempo, e já tinha plena consciência de que tinha perdido tudo o que amava ou tinha amado. Estava assustada, furiosa e triste. Tinha praticamente deixado de ler e escrever. Nesse mesmo dia, 2 de Outubro, inscrevi-me num ginásio, o lugar da força e da resistência, em busca de um tipo qualquer de contradição ou alívio. E ali começou La casa de la fuerza. Descobri que a extenuação física me ajudava a suportar a derrota espiritual. Esgotava-me. Eram exercícios de preparação para a solidão. [...]
Um dia em que estava a escrever na cinemateca, o auto-engano das três irmãs de Tchékhov retumbou como uma estalada sideral. “É preciso trabalhar”, dizia Irina, “É preciso trabalhar”. O trabalho revelava-se como uma forma de aniquilação. Para além disso, a segunda viagem ao México foi definitiva. Com efeito, ali até o comentário mais banal culmina em acção. Do mesmo modo que as piadas de judeus culminam em Auschwitz, as rotinas de desprezo pela mulher culminam no feminicídio. A humilhação quotidiana culmina nas mortas de Ciudad Juárez, Chihuahua, e em leis deterioradas pela misoginia. [...]
Encenação Angélica Liddell
Interpretação María Morales, Lola Jiménez, Getsemaní de San Marcos, Angélica Liddell, Perla Bonilla, Cynthia Aguirre e María Sánchez
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário