quinta-feira, 6 de outubro de 2011

[agora já tinham passado dez anos e] nem sombra deles em lado algum

Em 2001 o Teatro do Vestido apresentou na Galeria Zé dos Bois Tua, a sua primeira criação.
Em Outubro de 2011, retorna à ZDB, no NEGÓCIO, celebrando e confrontando uma década.
Este aniversário é ocasião para, com ele, também o público e a ZDB reflectir, conjecturar e festejar.

isto não é um objecto nostálgico
isto não é uma reconstituição
isto não é um trabalho de arquivo
isto não é uma reinvenção
isto se calhar não é o que parece
isto se calhar afinal é todas as coisas que diz não ser

É uma espécie de celebração, mas mais do presente do que do passado.
É que de facto passaram dez anos e nós, perplexos, decidimos começar a falar sobre isso.

Como é que se comemora e reflecte acerca de 10 anos de trabalho de uma companhia?
Com esta premissa, o Teatro do Vestido lança-se aos seus arquivos,
dossiers, textos não editados, e as memórias de cada um,
não exactamente para recontar ou reconstituir uma história,
ou para chapinhar na nostalgia,
mas para construir um novo objecto performativo
e assim o passado deixar de ser uma coisa obsoleta para passar a ser algo com que se constrói o futuro.
Ao escrever sobre a sua performance A Decade of Forced Entertainment, a companhia Forced Entertainment dizia:
“part autobiographical, part archive, part historical meditation and part theoretical speculation”.
Sem querermos copiá-los, ainda assim dizemos: o mesmo.
Desde o início da companhia que queríamos comemorar os dez anos dela.
E este ano vamos finalmente conseguir.
Este é um objecto performativo circunstancial,
efémero e único, que reflecte o nosso percurso de 10 anos enquanto companhia de pesquisa e criação.

- pensei: onde é que estiveste este tempo todo?
-também já pensei isso uma vez
-depois pensei que nunca mais ia acabar
- também pensei que nunca mais ia acabar
- pensei que já passou um ano e parece impossível que tenha aparecido isto
- pensei se tinha alguma coisa para dizer
- penso sempre isso
- pensei: porque é que eles continuam a não ter confiança no que têm para dizer?


(fragmento de uma cena desta peça)

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