©João Tuna
Estocolmo não inscreve a cena na capital nórdica que lhe dá nome, nem o novo espectáculo do Teatro Bruto conta com o beneplácito de uma certa academia sueca. Não será por isso menos cosmopolita, mas será mais patogénico. Porque o título alude a essa síndrome que leva algumas vítimas de rapto a desenvolver uma particular simpatia pelo seu sequestrador. Poeta cuja lâmina psicológica vem sendo afiada em textos dramáticos como Nenhures (2008) e Reféns (2009), pródigo cultor de fantasias barrocas e senhor de uma malvadez estética,
Daniel Jonas volta a colaborar com Ana Luena em mais um objecto, temática e disciplinarmente, excêntrico. Também em Estocolmo a intervenção musical – desta vez, a cargo de Peixe (ex-guitarrista dos Ornatos Violeta e membro dos camaleónicos Zelig) – volta a ser mais do que paisagística ou decorativa. Um traço que marca as criações do pentateuco aberrante que o Teatro Bruto iniciou há dois anos: um ciclo de cinco espectáculos centrado no mito de Prometeu e nas figurações do monstro, e que envolveu incursões no imaginário de Frankenstein ou, mais recentemente, na vertigem dos duplos Dr. Jekyll/Mr. Hyde. Estocolmo encerra esta unidade hospitalar dedicada a anomalias de anatomia teatral, e de uma coisa podemos estar certos: isto não vai acabar bem. - in web site TNSJ.
Estocolmo está em cena na TeCA até ao dia 16, com texto original de Daniel Jonas, encenação, cenografia e figurinos de Ana Luena, música original de Peixe e interpretação de Pedro Mendonça e Rute Pimenta.
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