quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Penthesilia, dança solitária para uma heroína apaixonada

A nova criação de Martim Pedroso revisita a Penthesilea de Heinrich von Kleist (1808) em três línguas - português, italiano e alemão. A interpretação de Nicole Kehrberger, a Penthesilia, devolve ao espectáculo as origens linguísticas da sua trágica dramaturgia. O intérprete italiano Emanuele Sciannamea é a língua do amor em Aquiles, Carla Bolito e o próprio Martim Pedroso os corifeus desta peça. O Coro de Amazonas e Gregos pertence à cidade de Lisboa. Este grupo de estudantes e profissionais de artes performativas, juntamente com a Marcha Popular do Bairro Alto e a Fanfarra do Corpo de Corpo de Bombeiros Voluntários Lisbonenses, integram não apenas as suas experiências como também os vocabulários tradicionais da cidade.

Depois da estreia na Capital Europeia da Cultura, Penthesilia, dança solitária para uma heroína apaixonada é apresentada em Lisboa, no São Luiz Teatro Municipal, de 11 a 14 de Outubro - 5ª a sábado às 21h00, domingo às 17h30. Um hino à imaturidade dos amantes a partir do drama trágico Penthesilea (de 1808) de Heinrich von Kleist. O autor, inspirando-se provavelmente na passagem de Penthesilea pelo poema épico Posthomerica de Quintus Smyrnaeus e na herança imagética de Séneca, nomeadamente nas descrições sangrentas, subverte o mito clássico de que a rainha das Amazonas morreria pela espada de Aquiles durante a guerra de Tróia. Na peça do dramaturgo alemão, é Aquiles quem é brutalmente desmembrado pela rainha confusa por experimentar sentimentos novos e obcecada pela conquista que a sua tradição lhe exige. Em cena, soam as vozes de uma poderosa luta entre o belo e o terrível, a razão e a emoção, a sociedade e os afectos. A filosofia mistura-se com a poesia que se mistura com a psicologia, num espectáculo que sublinha, sobretudo, a evidência de que os homens dificilmente conseguirão resolver a sua relação com a liberdade. Parafraseando Óscar Wilde, é caso para se dizer “Each man kills the thing he loves” (Todos os homens matam o que amam).

Um espectáculo de Martim Pedroso a partir da Pentesileia de Heinrich von Kleist traduzido para português por Rafael Gomes Filipe, com Nicole Kehrberger (Penthesilia), Emanuele Sciannamea (Aquiles), Carla Bolito (Corifeu 1), Martim Pedroso (Corifeu 2). Direcção artística, dramaturgia e encenação de Martim Pedroso e coreografia e movimento de Emanuele Sciannamea.

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