Em 1956, Dürrenmatt escreve uma peça fulgurante sobre uma cidade arruinada que espera a visita da mulher mais rica do mundo para encontrar o seu resgate económico. Exactamente cinquenta e seis anos depois, seria difícil encontrar um texto que nos devolvesse com maior precisão a confusão ética e política em que o estado de necessidade financeira lança uma comunidade que sempre se regeu por valores convencionais. Claire Zachanassian é o arquétipo do poder, da sua discricionariedade e do seu lado pulsional. É a face do dinheiro, fria e determinada. Esta montagem d’ A Visita da Velha Senhora é, pelo contrário, a face da colaboração e das virtualidades da partilha artística e de investimento com o objectivo de construir um espectáculo a escala que já não é habitual, nestes tempos de todas as crises. Duas companhias e dois teatros (para já…) juntam esforços, elencos, equipas criativas e técnicas, para persistir na ideia do Teatro como um mecanismo, negro e cómico, de questionamento de nós próprios.
Texto de Friedrich Dürrenmatt, tradução e João Barrento e encenação de Nuno Cardoso, A Visita da Velha Senhora estreia dia 7 de Março no Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa. Até 27 de Março. A interpretação é de Maria João Luís, Horácio Manuel, Cândido Ferreira, Luís Lucas, Tónan Quito, Pedro Frias, Daniel Pinto, João Melo e Companhia Maior: António Pedrosa, Carlos Nery, Celeste Melo, Cristina Gonçalves, Diana Coelho, Helena Marchand, Isabel Millet, Isabel Simões, Iva Delgado, Jorge Falé, Júlia Guerra, Kimberley Ribeiro, Manuela de Sousa Rama, Paula Bárcia, Vitor Lopes.
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