“Madrugada” é uma peça baseada e ficcionada a partir de um dos interrogatórios da PIDE exercido sobre uma das muitas mulheres que nas suas instalações sofreram uma das maiores opressões que existem e continuam a persistir neste suposto mundo moderno: a castração do seu Direito ao “Livre Pensamento”, ou seja, a castração à “Liberdade do Indivíduo”.
Muitas foram as mulheres que por lá passaram e urge ter uma perspectiva do seu sofrimento.
Este espectáculo coloca em cena um interrogatório nas vésperas do 25 de Abril. No entanto a situação é apresentada de forma intemporal, num "Aqui" e "Agora" que continuam a marcar os nossos tempos de forma universal.
As duas personagens digladiam-se, cada um no seu território, num palco despojado de adereços e futilidades, deixando espaço ao interior de cada um e ao ferimento da luz que é corrente vital para ambos, que a qualquer instante determina o rumo e a vida de alguém.
O jogo de presa/predador é constante durante esta hora de espectáculo:
“Interrogador – Este é o meu trabalho, não estou de nenhum lado, livre de grelhas e chavões. Ninguém me espera mas todos me aguardam.
Interrogada – O que faz de predador presa ou presa livre? Eu neste momento sou maior que tu, eu sou a raiz!”
Este espectáculo, uma co-produção do TEatroensaio com a companhia Teatro Art´Imagem, que contabiliza o seu 100º espectáculo, e que com ele comemora o seu 30º aniversário de actividade. Enquadra-se, ainda, no tema anual de trabalho da companhia TEatroensaio em 2012: “Migração, Espaços Físicos e Psicológicos”, contribuindo para a discussão da nossa história recente e memória colectivas.
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