Uma companhia ambulante chega ao teatro, abre as arcas e vai tirando a seu bel-prazer aquilo que melhor serve as excêntricas – ora “fantesiosas”, ora “sabidas” – personagens de um irresistível tríptico beirão de Gil Vicente. Assim se pode definir o conceito que Nuno Carinhas, em mais um engenhoso exercício de teatro dentro do teatro, criou para Beiras, leitura encenada que o TNSJ apresentou em Março passado e que, nas palavras do encenador, continha já “os esquissos e desenhos preparatórios para a concretização de um espectáculo”. A entusiástica adesão do público – nomeadamente o escolar – forneceu o impulso adicional para que Beiras conquistasse agora maior definição e a totalidade do palco do TNSJ. Para além de resgatar o comum “sabor regional” – os três autos remetem para a geografia humana das Beiras –, a extrovertida incursão que Nuno Carinhas empreende pela interioridade beirã explora em particular o tópico dos amores desencontrados e da demanda dos desejos, dando Gil Vicente “a ver e a ouvir, expondo o seu próprio corpo feito texto” (Osório Mateus).
Beiras
A Farsa de Inês Pereira (1523)
A Farsa do Juíz da Beira (1525)
Tragicomédia Pastoril da Aerra da Estrela (1527)
Direcção Nuno Carinhas
Música António Sérgio
Desenho de Luz Rui Simão
Interpretação Alberto Magassela, Alexandra Gabriel, Ana Ferreira, Fernando Moreira, João Castro, Jorge Mota, Lígia Roque, Mário Santos, Marta Freitas, Nuno Veiga, Paulo Freixinho, Pedro Frias
17 - 28 de Outubro
Teatro Nacional S. João
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