O Centro Dramático Nacional (Madrid) estreia esta semana na sala Princesa do TEATRO MARIA GUERRERO Delirio a dúo, versão e encenação de Salva Bolta com Jeannine Mestre e Gerardo Malla. A montagem, que conta com cenografia e guarda-roupa de Ana Garay e desenho de luz de Juan Gómez-Cornejo, gira em torno da curiosa pergunta que leva a um homem e uma mulher a discutir violentamente: a tartaruga e o caracol são o mesmo animal? Enquanto eles se afundam em discussões, no exterior ouvem-se os ecos de uma guerra que por vezes parece afectá-los, ainda que apenas na prática quotidiana.
Delirio a dúo põe em jogo as relações entre linguagem e realidade. "Mas para lá da simples lógica entre o verdadeiro e o falso, percebe-se como a veemência das linguagens personalizadas rivaliza com a violência da história impessoal", dizem os responsáveis desta montagem onde se procurou respeitar, acima de tudo, a palavra de um dos grandes do teatro europeu do Século XX. Para Eugène Ionesco, o cómico, sendo intuição do absurdo, é mais desesperante que o trágico, porque nos oferece uma saída. Segundo o autor, as personagens não podem comunicar entre elas, senão por meio da violência. "As palavras são descartadas como inúteis e falsas", dizia. E sublinhava: "Ás vezes, alguns dos meus personagens são cómicos porque são ridículos na sua maneira de ser humanos, porém eles não sabem".
Delirio a dúo
Eugène Ionesco
Encenação: Salva Bolta
Elenco:
Gerardo Malla (Él)
Jeannine Mestre (Ella)
Teatro Maria Guerrero / Sala de la Princesa
10 de Janeiro a 17 de Fevereiro de 2008
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