sábado, 21 de janeiro de 2012
BACANTES | A PARTIR DE EURÍPIDES | COMPANHIA BRASILEIRA TEATRO OFICINA EM LISBOA
Bacantes, de Eurípides, tragédia do embate entre a explosão dos sentidos e as razões de Estado, território de manipulação do desejo em nome da vingança, regressa-nos em forma de ópera carnavalesca, animada por mais de trinta actores, cantores e músicos, divindades afro-brasileiras, música pop e comentário político. Regressa e sobrevive – é já uma criação de 1995 – porque é um espectáculo sempre à procura da distância exacta entre Tebas e o Brasil contemporâneo.
José Celso Martinez Correa, figura maior do teatro brasileiro, regressa a Portugal depois de 37 anos com Bacantes, versão visceral, orgiástica, de um dos textos seminais da dramaturgia ocidental. Fundador, no final dos anos 50, do Teatro Oficina, criador que procura praticar a ideia, tão cara aos modernistas brasileiros, de antropofagia, de cruzamento de culturas enquanto forma radical de fusão e apropriação da energia do outro, Zé Celso propõe-nos um teatro que rompe, um teatro de iniciação, a pedir o envolvimento e o empenho do espectador. Envolvimento, aliás, propiciado pela transformação profunda que operamos na Sala Principal, à procura de uma fusão improvável entre a sala à italiana e o teatro-estádio que emula o espaço da companhia em São Paulo.
Dias 20, 21 e 22 de Janeiro, no Teatro S. Luiz, em Lisboa.
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