quinta-feira, 31 de julho de 2008

Peça de Sarah Kane em Madrid


A Companhia Colmena Arteteatro desenvolveu em Fedra uma montagem próxima do teatro corporal e da dança. A versão eleita pela companhia – entre a de Eurípides, Séneca ou Racine - é a realizada por Sarah Kane (1971-1999), dramaturga britânica contemporânea, cujo final, por inesperado e trágico, a lançou no estrelato internacional das artes cénicas convertida em mito como se falássemos de uma estrela de rock.

Phaedra’s Love foi estreada no Gate Theatre, Londres em 15 de Maio de 1996 com encenação da própria Sarah Kane.

Em El amor de Fedra, a protagonista tem um amor incontrolável e proibitivo pelo filho do seu marido, o enteado Hipólito. Por seu lado, Hipólito – o verdadeiro protagonista da tragédia - é caracterizado como um príncipe folgazão, chato, narcisista e perverso. Fedra, nesta versão, após oferecer-se abertamente a seu enteado e de ser violentamente repudiada, suicida-se acusando Hipólito de a ter violado como vingança. Evidentemente, Hipólito não é culpado, porém, cansado do tédio de uma vida sem significado, o feito de ser um violador, pensa, fará transcender a sua miserável existência. Nunca revelará a verdade, por mais nefastas que sejam as consequências desta falsa acusação. Uma obra que nos fala com pessimismo da solidão do individuo perante a polis moderna e às inúmeras formas que, paradoxalmente, toma a violência quotidiana, incluindo o sexo, como nexo de união dentro da sociedade. Colmena Arteteatro aproveita a crueza e frieza do texto para vesti-lo com o jogo corporal dos seus intérpretes numa inquietante aproximação à história do teatro, desde o mito clássico, o coro e a dança tribal, até ao monólogo contemporâneo mais descarnado.

Em cena no Réplika, Madrid.

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