sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

“Antígona Gelada” de Armando Nascimento Rosa


É próprio do teatro voltar a contar histórias conhecidas, reinventando-as de novo para as fazer falar acerca de um imaginário presente que nos é comum.

“Antígona Gelada” é uma obra dramática que traz à cena uma nova visão em acção daquela que, conjuntamente com Édipo (seu pai trágico), constitui a mais emblemática das figuras do teatro grego antigo.

 O lugar continua a ser a Tebas da narrativa mítica e dramaturgia, mas já não a que Sófocles recriou em espelho transfigurado da sua Atenas do séc. V a.c.  Trata-se agora de Tebas 9, uma colónia espacial remota situada em Caronte, satélite que orbita em torno de Plutão, o mais gélido dos planetas do sistema solar, recentemente despromovido; a acção decorre nesse futuro incerto, em que a humanidade vive e subsiste fora da Terra onde nasceu. 

Um cenário que nos é familiar pela ficção científica e no qual a fábula mitopoética e política de Antígona volta de súbito a acontecer. Como dirá Polinices, no diálogo mantido quando Antígona sonha com ele: «Já houve no passado pessoas com os nossos nomes que viveram dramas idênticos aos nossos, mas a memória deles perdeu-se e por isso repetimos os seus erros. E mesmo talvez se nos lembrássemos, tudo acontecesse de novo e diferente outra vez.»

  
Encenação: João Mota
Cenografia e Figurinos: Sara Machado da Graça
Interpretação: Ana Meira, Álvaro Corte Real, Jorge Baião, José Russo, Maria Marrafa, Rosário Gonzaga, Rui Neto, Victor Zambujo

Até 1 de Fevereiro

Teatro Garcia de Resende, Évora, Portugal

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