quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Estreia de "A cidade dos que partem"


Um desafio foi-nos colocado. Um musical sobre a cidade do Porto. Fomos a jogo e o resultado é ?A cidade dos que partem?, um musical que em vez de lantejoulas tem tripas. As que são à moda do Porto, mas também as que são restos. Porque esta, como outras cidades, vive dos que nela fazem feijoada com as tripas que os outros nos deixam. Nós gostamos do feijão e diverte-nos a cara que os outros fazem a comê-la. Se a vida te dá limões tens de fazer limonada. Venham beber uma limonada a partir de dia 30 de Janeiro no Teatro Carlos Alberto.

No princípio era uma encomenda do TNSJ, “um musical sobre o Porto”, assim como quem pede um comentário cantado e dançado sobre o estado a que isto chegou. Sátiro desobediente, o Teatro da Palmilha Dentada foi a jogo mas subverteu a encomenda. O Porto está e não está em A Cidade dos Que Partem, um musical que é e não é bem um musical, construído que foi a partir de memórias aparentemente tão desencontradas: das raízes rurais (o canto à desgarrada de tradições populares como o Enterro do Bacalhau ou a Queima do Judas) às paixões urbanas (o teatro musical, a britcom, o musical americano via Hollywood). É certo que esta Cidade está envolta num nevoeiro tão espesso que favorece mais a gestão corrente do que uma visão de futuro, que por lá andam empresários do entretenimento que impingem “Máquinas da Felicidade” a presidentes da câmara que só respondem a “perguntas previamente colocadas por escrito”. Mas de canção em canção, de refrão em refrão, o Teatro da Palmilha Dentada distancia-se do Porto e põe o dedo na ferida de muitas outras cidades – a indiferença. Uma tragicomédia cantada? Digamos que aqui o riso, quando morde, morde-nos a todos. O desencanto também.
(in web site TNSJ)

texto
Ricardo Alves, Salgueirinho Maia
encenação
Ricardo Alves
direcção de actores
Rodrigo Santos
direcção musical
Alfredo Teixeira, Rodrigo Santos
músicas originais
Alfredo Teixeira, Carlos Adolfo, Hélder Gonçalves, João Lóio, Manel Cruz, Rodrigo Santos, Rui Lima e Sérgio Martins
direcção plástica
Sandra Neves
figurinos
Sónia Santos, Miguel Barros
movimento
Vera Santos
desenho de luz
Pedro Vieira de Carvalho
assistência de encenação
Paulo Calatré
preparação vocal
João Henriques
interpretação
Anabela Nóbrega, Daniel Pinto, Ivo Bastos, Joana Carvalho, Nuno Preto, Patrícia Queirós, Paulo Calatré, Rodrigo Santos
co-produção
Teatro da Palmilha Dentada, TNSJ

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