terça-feira, 29 de abril de 2008

QUASE SOLO de Igor Gandra


O TEATRO de FERRO apresenta QUASE SOLO 26 ABRIL a 31 MAIO 08

Encenação de Igor Gandra


SALA de ENSAIOS do TEATRO de FERRO
TEATRO de FERRO
Rua do França, 8 a 58
4400-174 V.N.GAIA
Portugal

Quase Solo é uma experiência que integra a maquinaria de cena na lógica marionetística que caracteriza o trabalho do Teatro de Ferro. Deste modo, através da noção de espaço vivente, procurámos construir um espectáculo que cruzasse diferentes escalas. A marioneta, o objecto, o actor/manipulador e o espaço de cena contracenam num plano em que a ordem entre contentor e contido, manipulador e manipulado, nem sempre é evidente. Em Quase Solo aceitamos e recusamos alternadamente uma cena ilusionista, propondo ao observador/espectador convenções de tipo diverso que reflectem sobre o visível e o invisível. Quase Solo está algures "entre o Poltergeist e o Zeitgeist".

Quase Solo é construído quase integralmente em materiais sintéticos e inorgânicos. É neste ambiente algo mecânico e aparentemente estéril (esterilizado) que a acção se afirmo enquanto ruptura. A relação com os materiais e a sua exploração profunda é outra das características deste processo de construção, que conferem ao seu resultado momentos francamente mais próximos da performance, entendida como "o teatro das artes plásticas", ou não. A dimensão teatral, plástica e audiovisual da cena construtivista cumpre em QS a dupla função de cimento-cola e de pasta de modelar, reutilizável e sempre disponível.

Esta peça tem como ponto de partida uma das mais intrigantes e libertadoras brincadeiras de criança-do-final-da-guerra-fria: a fantasia pós-apocalíptica do último homem na terra. Esta ideia, amplamente presente em diversas obras é, a meu ver, mais uma expressão do catastrofismo que se associa (in) conscientemente ao fim da história, dos tempos, das ideologias, etc. Serve aqui em QS como metáfora e motor para um questionamento identitário, necessariamente individual e inevitavelmente colectivo.


O título Quase Solo revela-se pela decomposição nas duas palavras que o compõe: o proximidade na distância e o intérprete actuando. Quase Solo é também o palco, um quase-chão.

Igor Gandra

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