O Teatro da Garagem e a Dinis Machado, corp. estrearam "Natureza Morta" , de Dinis Machado, no passado dia 29 de Outubro, às 21h30, no Teatro Taborda.
Construí esta peça como uma imagem, uma presença epifânica inicial, em torno da qual se vai construindo uma constelação dramatúrgica, em busca de uma qualquer significação. Natureza Morta deveria falar de fome e amor, não se tivesse a própria escrita tornado mais forte e mais presente. Penso que se trata de uma reconciliação com as imagens naquilo de que nelas me apercebo ser gramática. Uma reconciliação lenta e silenciosa. Natureza morta é talvez sobre um tempo de espera. É um trabalho solitário que sobre isso mesmo se debruça. É sobre a poética de um espaço em potência e sobre os esboços que dele se projectam. É um gesto de persistência numa paisagem um pouco árida. Fala sobre aquilo que não quero dizer aqui. Natureza Morta é uma história em três actos, com um Principio, um grande Meio, e um Fim acelerado. É a minha releitura vaga das histórias secretas de amor, onde a distância do mundo e dos outros, entrega aos amantes essa intensidade tão viva para eles, e tão autocentrada para quem os pudesse observar. Algumas pessoas surgem-me em conversas mais ou menos próximas e circunstanciais, sem me aperceber (ou lembrar) de como vieram cá parar. Nunca me lembro também de como partiram. Apenas a imagem difusa de um estar, de um balbuciar a dois que parece talvez nunca se ter de facto concretizado.
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