sábado, 27 de setembro de 2008

Experimental de Cascais no Porto e Teatro Bruto em Lisboa

Não é tão habitual como de certo todos desejariam, mas neste fim-de-semana, acontece que uma companhia do Porto representa em Lisboa e uma companhia da Grande Lisboa (Cascais) representa no Porto.


O Teatro Experimental de Cascais apresenta, no Teatro Campo Alegre, a peça Medeia do escritor Mário Cláudio, com interpretação da actriz Anna Paula. Os cenários são de Mestre José Rodrigues e a encenação de Carlos Avilez.

O espectáculo Medeia foi apresentado no Estoril com um enorme êxito, tendo a actriz Anna Paula recebido as melhores críticas pela sua brilhante interpretação.

O espectáculo estará em cena apenas 2 dias: 27 e 28 de Setembro, às 22h00 e 16h00 respectivamente.

Uma actriz arrasta ao longo da vida a obsessão de representar a Medeia, de Eurípedes, e empolgada pela ânsia que se torna matéria da alma, precipita na morte dos que a rodeiam o seu próprio e irredimível aniquilamento.
A cada Medeia, entendida pelas variáveis da história, ou da geografi a, sobra em desvario quanto lhe escasseia em argúcia. Não que a inteligência se lhe distinga da paixão, iluminada como vai pela chama da fúria, mas é pela ruína que investe, cega aos gestos que lhe permitam a edifi cação de si, e a prossecução dos seus planos. A mulher que evolui à nossa vista maniacamente destruirá, conforme à heroína que abraça, os fi lhos que nela engendrou o amante traidor. E até a casa de teatro, na qual um palco vazio, corroído pelo interminável tempo de um país pequeníssimo, parecia esperar por ela, até essa acabará por ir sendo lentamente demolida.
Ninguém recupera um mito, este ou um qualquer, sem que se lhe queimem os dedos na incomodidade da empresa. Pode no entanto perdoar-se a tentativa de o insufl ar de um resíduo de sentimentos fi ngidamente novos, o da angústia que trucida a mãe presa do terror de vir a ser devorada pelos que pariu, o da catástrofe que a nossa suicidária tendência não deixa de provocar nos outros, ou o da substituição da estratégia política pela táctica da informação.
Se à sombra de Medeia, a grande feiticeira, não conseguirmos desenhar certa magra linha assim, de impressões elementares, será a essa vertigem do Mundo, inseparável da busca de sentido em que todos nos empenhamos, que fi caremos a dever o direito de nos considerarmos seus irmãos de sangue, incapazes de escolher, quando não seus legítimos herdeiros, marcados pelos mesmos impulsos
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Mário Cláudio

Ficha técnica e artística
ENCENAÇÃO Carlos Avilez
REALIZAÇÃO PLÁSTICA José Rodrigues
PRODUÇÃO E ELABORAÇÃO DE PROGRAMA Fernando Alvarez
FOTOGRAFIAS DE CENA E CARTAZ Susana Paiva
CONSULTADORIA MUSICAL Vítor Carneiro
LUMINOTECNIA E DIRECÇÃO DE MONTAGEM Manuel Amorim
SONOPLASTIA E MONTAGEM Augusto Loureiro
CONTRA-REGRA E MONTAGEM Rui Casares
ASSISTÊNCIA DE ENSAIOS Jorge Saraiva
MANUTENÇÃO DE GUARDA-ROUPA Virgínia Pão-Mole
INTERPRETAÇÃO Anna Paula




Boca, de de Regina Guimarães e Saguenail, produção do Teatro Bruto com direcção de Ana Luena termina hoje as representações em Lisboa, no Espaço Mitra (Teatro Merional).

Texto original inspirado na pesquisa de cartas de amor oriundas do espólio da literatura epistolar e outras expressamente redigidas para o efeito. Alia a música clássica à música electrónica, o canto à representação teatral.

Um apaixonado, um escrivão, um coleccionador. O apaixonado, incapaz de exprimir por palavras a paixão que o arrebata, dirige-se a um escritor profissional – o escrivão – para que ele o faça em seu lugar sob forma de ardente carta.
Mas o escrivão expressa-se num estilo convencional, recheado de chavões e lugares-comuns, que não corresponde ao sentimento difuso, inflamado e indizível do seu cliente.
Após varias versões falhadas da impossível missiva, todas elas severamente criticadas pelo apaixonado que desconfia do talento do escrivão, este último propõe-lhe uma visita a um grande coleccionador que, entre outras preciosidades, possui uma extraordinária amostra de cartas literárias célebres.

Cartas utilizadas:
Heloísa (a Abelardo) / Mariana Alcoforado (ao Cavaleiro Chamilly) / Suzette de Gontard (a Hölderin) / Bettina Brentano (a Goethe) / Julliette Drouet (a Hugo) / Guillaume Apollinaire (a Lou) / Franz Kafka (a Milena) / Fernando Pessoa (a Ofélia) / Lettera amorosa de Monteverdi

Ficha técnica e artística
DIRECÇÃO, CENOGRAFIA E FIGURINOS Ana Luena
MUSICA ORIGINAL Magna Ferreira e Fernando Rodrigues
TEXTO Regina Guimarães e Saguenail
INTÉRPRETES
[Actores] Luciano Amarelo, Mário Santos, Pedro Mendonça, Sílvia Silva e Marta Inocentes [Músico] Fernando Rodrigues [Cantora] Ana de Barros
DESENHO E OPERAÇÃO DE LUZ Mário Bessa
DIRECÇÃO DE MOVIMENTO Luciano Amarelo
BANDA SONORA E OPERAÇÃO DE SOM Fernando Rodrigues
FOTOGRAFIA Marco Maurício
DESIGN GRÁFICO R2 design
PRODUÇÃO EXECUTIVA Sara Leite
DIRECÇÃO PRODUÇÃO Susana Lamarão

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