domingo, 2 de maio de 2010

Parole, parole, parole…


Parole, Parole, Parole..., de Dinis Machado, hoje, 2 de Maio, 21h30, de novo no Espaço NEC, Porto.

Parole, parole, parole… é pouco mais que uma rima poética. Levemente melancólica, talvez , quando quase se inclina para uma comédia de um mal de vivre tão próximo, um tédio tão naturalmente burguês, tão nosso portanto.

O espectáculo parte daquilo que na linguagem é o seu potencial projectista, de desenhar aquilo que vamos querer que seja, e encontra-se em diálogos a dois, reais ou hipotéticos, que tentam construir utopias (Pessoais, domésticas ou comunitárias), que se confrontam pacificamente com a falha de todos os seus épicos projectos, e que faticamente se consolam no vazio das frases que procuram esconder a descrença no futuro (que se tornará [ou ter-se-á já tornado?] prematuramente presente)

Eles (ou seja, nós) procuram reencontrar-se com a ilusão, manter-se activos na construção de qualquer coisa que intuem, não se deixar esmorecer, e permanentemente se confrontam com o seu reverso, a desilusão, a inevitável derrocada dos materiais concretos, que não espelham nunca essa realidade mais real, porque mais viva e mais presente, que se desenrola continuamente nos seus projectos de um mundo por vir, juntamente com o tão esperado consolo final.

Eles, vigiam-se fantasmaticamente no seu fazer, num paternalismo exercido sobre si mesmo. Porque não querem aprender a contemplar poeticamente a sua própria morte.

Com Ana Rocha, Dinis Machado, Inês Vaz e Jorge Gonçalves

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